terça-feira, março 31

Ginástica cueca

Cara proprietária da cueca asa delta prensada amiúde no meu limpa pára-brisas. Deixe-me primeiro esclarecer: entendo perfeitamente o voraz anseio em cativar-me para os seus designios, mas, cara proprietária da referida cueca, eu tenho a minha vida, as minhas rotinas, contas para pagar e um agregado familiar para sustentar. Não queira agitar o meu dia-a-dia com flexões e outros exercícios ginasticados. Tenho a minha vitalidade, mas deixe que a canalize para outras funcionalidades quotidianas, que ando nos últimos tempos assolapado com outras tarefas. Quero-lhe, na mesma, bem, e fiquei sensibilizado pela sua insistente lembrança. Sem outro assunto. PS: Por 20 euros não limpava sequer as mãos aos turcos demolhados em água quente do Aya

segunda-feira, março 30

Househusband

Por motivos alheios ao meu livre arbítrio, agora sou pau para toda a obra. Estendi duas máquinas de roupa (vamos lá ver se o tempo se aguenta para não me encardir o serviço), atendi a mais um capricho da Maria, dei banho à miúda (esfreguei-lhe bem aqueles costados), atendi a mais um capricho da Maria, desembaracei o cabelo à miúda (está a acabar-se o amaciador da Dora), atendi a mais um capricho da Maria, desenrasquei o jantar (uma maravilha!!), atendi a mais um capricho da Maria, deitei a miúda (ressona tal qual a mãe) e voltei a atender mais um capricho da Maria. Não tenho físico para isto. É cansativo fazer de gaja

quinta-feira, março 26

Para lamento

Parlamento novo, figurantes velhos

quarta-feira, março 25

Frango de marinada

- Ingredientes:
1 garrafa de whisky (do bom claro!) Cardhu, Monkeys 20 anos, JamesMartin 30 anos; 1 frango de aproximadamente 2 kg; sal, pimenta e ervas de cheiro a gosto; 150 ml de azeite Virgem; nozes moídas q.b.
- Modo de preparar:

Pegue no frango, beba um copo de whisky. Envolva o frango com sal, pimenta e as ervas, barre com azeite, beba outro copo de whisky. Pré-aqueça o forno aproximadamente 10 minutos. Sirva-se de uma boa dose (caprichada) de whisky enquanto aguarda. Use as nozes moídas como aperitivo. Coloque o frango numa assadeira grande e sirva-se de mais duas doses de whisky.
...
Axustar o terbostato na marca 3 , e debois de uns vinch binutos,botar para assassinar.... digu: assar a ave. Derrubar uma dose de whisky debois de beia hora, formar abaertura egontrolar a assadura do bicho. Tentar zentar na gadeira, servir-se de uoooooooootra dose sarada de whisky. Cozer(?), costurar (?), cozinhar, sei lá, voda-se o vrango. Deixáááá o filho da buta do pato no vorno por umas 4 horas. Tentar retirar o vrango do vorno. Num vai guemar a mão, dasss!- Mandar mais uma boa dose de whisky pra dentro . Tentar novamente tirar o sacana do gansu do vorno, porque na primeira teenndadiiiva dããão deeeeuuuuuu.

...
Begar o vrango que gaiu no jão e enjugar o filho da buta com o bano de jão e cologá-lo numa pandeja ou qualquer outra borra, bois avinal você nem gosssssssssta muito desse adimal mesmo.

...
Tá Bronto.

(muito, muito, muito bom mail)

terça-feira, março 24

segunda-feira, março 23

Festim de forrobodó

No sábado, comecei a jantar com uma e acabei a noite agarrado a outra

sexta-feira, março 20

É a cegonha!

E porque é que tens as bochechas grandes? E porque é que tens o dente torto? E porque é que tens o cabelo cheio de gel? E porque é que és o pai da Cice? E nha-nha-nha e diabo a sete e não sei quê, não sei que mais. Chiça!! Oh colega da minha filha... para que saibas, saí uma hora mais cedo de casa para te dar conversa e pintalgar alguma coisa de jeito no mural da escola. Quanto à paternidade, tiveste sorte de a sala estar apinhada de outros adultos a enfardar bolinhos, se não eu dizia-te como se faz. Mete-te com gente do teu tamanho pá!!

quinta-feira, março 19

Insónias

A fornada da minha época de 70 lembrar-se-á das padarias que anunciavam as estreias cinematográficas. Julgo que será desse costume ancestral, caído em desuso, que o linguajar adoptou a expressão "em cartaz". Era precisamente em cartolinas rectangulares, exibidas nas montras das padarias, que se promoviam os novos filmes projectados nas telas. Nas ruas do Chiado, uma feira sazonal costuma comercializar esses cartões a preços proibitivos de coleccionador. Numa dessas visitas, procurei com insistência um cartaz particular, que nos meus tempos de primária propagandeava Um Lobisomem Americano em Londres. Na retina ficou-me a imagem da metamorfose do herói da pelicula e a consequente regressão no processo da minha maturidade. Passei a dormir com a minha irmã, mas aquilo era um castigo para cair no sono, tal era o banzé que ela fazia a chuchar na fronha da almofada

quarta-feira, março 18

Receituário

(consulta de rotina)
- Ele: Você está óptimo
- Eu: Felizmente não ando com razões de queixa, apesar dos meus 35
- Ele: Já fez 35? Não parece nada
- Eu: Bondade sua doutor... olhe que este calor de Inverno já me amolece um bocadinho
- Ele: Oh homem, refresque-se!!
- Eu: Com uma ventoinha doutor?
- Ele: Não homem, com líquidos... uma ou duas cervejas se preferir
(fala quem sabe)

terça-feira, março 17

Ana meiguiceira

Sou do tempo do jornal A Bola do tamanho do tampo da mesa da casa de jantar. Nessa época, na pueril década de 80, adquiri o hábito de folhear as páginas de 500 gramas, e 800.000 caracteres, de trás para a frente. Não que seja um costume desusado, mas tomeio-o como protocolo de leitura porque procurava, em primeiro lugar, a secção de atletismo e as reportagens de fundo com a Ana Oliveira. Dotada de uma silhueta que fazia jus ao conceito mais requintado de elegância, Ana Oliveira começou a justificar a lycra como fardamenta apropriada a furar o atrito nas barreiras e no triplo salto. Que bem lhe assentava o vermelho vivo do Benfica. Na Luz, transpirava a mais bela da história do atletismo português. Na década de 80, o povo exultava com as medalha da Rosa Mota, um esparguete com dois fartos espanadores nas axilas. Eu, sobre o tampo da mesa da casa de jantar, sorvia as páginas impressas com a Ana Oliveira e os grandes planos que imortalizaram o olhar terno e a silhueta atlética. Ontem, uma amiga de uma grande amiga (obrigado gandas malucas), fez-me chegar um mimo da minha ídola de meninice, parabenizando-me pela 35ª Primavera. Omito-vos partes da lembrança... não queiram saber tudo. Roam-se de inveja!!

segunda-feira, março 16

Sacudi-las

"Príncipe Carlos quer contribuir para o arrefecimento do planeta". Dêm-lhe ouvidos!

quinta-feira, março 12

Playdilecção

- Maria: Então Cice, o que queres ser quando fores grande?
- Cice: Uma senhora
- Maria: Uma senhora, só?
- Cice: Uma senhora rica!
- Maria: Para quê?
- Cice: Para comprar jogos da playstation ao pai
(a Maria não dá uma para a caixa)

quarta-feira, março 11

Morrer de sonho

Há mortes que sonhos ressuscitam pelo amor que temos. E também há sonhos que matam pelo amor que perdemos. O sonho de um morto que morre de amar

terça-feira, março 10

Amor desfeito

Encarregou-se a Maria de me notificar o quão (bem) impressionada ficou a Directora da instituição pré-escolar que dá guarida à minha filha com a gravura que rabisquei para o infantário aquando das festividades natalícias. Por esse motivo, tinha sido seleccionado para colaborar numa outra iniciativa de cariz artistico-plástico. Sugeri de imediato um estilo ousado, como este, ou este, para a Marina, uma educadora loura de faces rosadas e silhueta nutrida, ou um género mais arrojado, como este, ou este, para a Rita, a espadaúda e curvilínea professora de inglês da minha filha. A Maria cerceou-me a criatividade e clarificou que a Directora pensava numa coisa mais ligeirinha e encomendou-me isto, mais dos costumes de meninos de coro

segunda-feira, março 9

Anarcota

Muitos parabéns minha quarentona cheirosa Dolce&Gabbana. Que passem outros tantos e tantos anos de gloriosos êxitos e que nos roubem a voz de tanto gritar golos e festejar títulos infinitos do Benfica. Daqui a mais quarenta partilharemos alegrias, tristezas, algálias e arrastadeiras. Por ora, vou curtindo os aromas afrodisíacos da tua melena, mas discretamente, que a Maria pela-se de ciúmes

sexta-feira, março 6

Levou uma chiquelina que o caldeuei todo!

Existem duas expressões no falatório cá da agremiação laboral que me merecem uma estima particular. A primeira é retirada das tertúlias que descomprimem das exigentes jornadas de faina. Explicava-me um amigo, já às portas de um vigoroso século de vida, que numa das suas futeboladas de fim-de-semana foi opositor do Veloso, um lateral-direito a quem o Benfica deve um honroso título de vice-campeão europeu. Com entusiástico detalhe, continuou a explicar-me esse meu amigo que, num lance de maior risco no seu sector recuado, aplicou, ao Veloso, uma chicuelina que o bigodudo ficou a patinar no piso cimentado. Não duvido desse meu amigo, mas só estranho que o Veloso não lhe tenha retorquido de imediato com um caldeu, a segunda expressão, de origem aveirense e que caracteriza o gesto comumente dirigido a condutores domingueiros ou rabiadores de fim-de-semana. Bom fim-de-semana!

quinta-feira, março 5

Encómio tu!

- Anarquista: Hmmmm... as bolinhas estão tão boas... e o puré de batata, uma delícia. Vês Cice, a tua mamã só te faz estas coisas boas. Que sorte. A tua mamã sabe fazer comidinha gostosa para ti, vês? Ai, estas almondeguinhas estão tão saborosas A tua mamã gosta muito de ti, sabes? Faz-te estes miminhos todos e beijinhos e carinhos e abracinhos e comidinhas. Ui, este purezinho cremoso. Que sorte Cice... a tua mamã é uma princesa!
- Cice: Não!
- Anarquista: Não o quê?
- Cice: Não é uma princesa!
- Anarquista: Então é o quê?
- Cice: Empregada!
(juro que não lhe ensinei nada disto... mas a minha amiga Anarquista estava a pedi-las... é que tanto elogio também enfarta a criança)

terça-feira, março 3

Enchidos de lágrimas

"Segue o chouriço 'Sexta-feira', segue o chouriço!!"... foi então que acordei espavorido numa sala de sono perto de si. Ainda deu para cochilar uma horita e só tenho pena de ter perdido a choradeira da Maria nos momentos mais dramáticos desta intensa película. A minha sobrinha Nana também se comoveu e a Cice, por arrastamento, lá admitiu que verteu umas gotas. Eu também chorei 5,5 euros

segunda-feira, março 2

Jacket, the stripper

O que responderiam se a segunda mulher mais bonita do Mundo, logo a seguir à Maria, lhes observasse que envergavam "um casaco com qualquer coisa de especial". Se vos restasse lucidez, retorquiriam, simulando domínio da área têxtil, que a exaltada jaqueta "é para uso exterior, com forro 100 por cento poliamida e recheio 50/50 de edredon e plumas de ganso, fabricado na Indonésia e distribuído pela multinacional galega Inditex, sedeada no lugar de Arteixo". Faziam figura e elucidavam a apreciação empírica da vossa interlocutora. No meu caso, espalhei-me ao comprido e só me ocorreu "é o vermelho... do Benfica!!". A chalaça não colheu e a segunda mulher mais bonita do Mundo particularizou a observação invejando o "aspecto quentinho e muito bonito" da vestimenta. Quanto à beleza, reservo-a aos critérios da vossa apreciação. Já as propriedades cálidas da referida indumentária de Inverno fizeram-me suar as estopinhas e só hoje cedi à evidência que já não está temperatura para andar com isto vestido