quinta-feira, julho 31

Taberneireiro

O mesmo de sempre? A pergunta de rotina atirava-se enquanto se afiavam as lâminas da tesoura. A fidelidade tem destas coisas. Vinculamo-nos à intimidade de quem nos decora as medidas capilares. Era assim no Conde Barão, onde aparava a melena ao lado do Henrique Viana. Acabei por renunciar ao barbeiro quando me mudei para os arrabaldes de Lisboa, derrotado pelo transtorno de uma deslocação mensal (que a carapinha cresce com alarvidade). Acedi experimentar a cabeleireira das proximidades. Não cortava mal. O mais chato era mamar com as cassetes de música nordestina. Foi-se embora... para o Nordeste brasileiro e trespassou o espaço a uma dupla de suburbanas que até nem tem mau ar. Já fui lá umas quatro vezes. Fidelizei-me, apesar de o mesmo não ser o de sempre. Passo a explicar. Da última vez saí de lá em desconforto. Pior que o desbaste a pente 1 - que me deixou o cocuruto com uma áspera camuflagem de ouriço - foi o remate do serviço. Depois das desculpas pelo descuido, a patroa saca do pente e da tesoura e apara-me as sobrancelhas!! Fervilha-me um organismo de taberneiro
No fim, ainda tive de carregar com a Cice, que não tinha maneira de se aguentar em pé, depois de ter passado toda a sessão do escalpe a rodar-se na cadeira ao lado. Arreporra!!

terça-feira, julho 29

Nútrir

Nas leituras jornaleiras da minha (curtíssima) temporada de veraneante, retive uma notícia que me inquietou. Por esse motivo, mobilizo-me hoje a favor da Federação Portuguesa de Naturismo, que há um punhado de dias alertou as autoridades para a falta de vigilância nas praias onde se passeiam em pelota. Sensibilizado pelo dramático alarme, obrigo-me a sugerir a todos os reformados e pensionistas que se munam do material adequado e assentem arraiais pelas praias dos Alteirinhos (Odemira), Adegas (Aljezur), Barril (Tavira), Belavista (Almada), Meco (Sesimbra) e Salto (Sines). Se tiver vagar nesta estação de canícula, prometo também fazer uma investida... se ainda sobejar espaço entre as dunas

terça-feira, julho 15

Férias!

Vou a banhos. Volto qualquer dia. Adeus e até ao meu regresso!
Este não sou eu. E aquela também não é a Maria (ela bem queria)

segunda-feira, julho 14

A metamorfose

- Fogacho: Então, como é que correu o dia?
- Maria: Como é que correu? Olha, uma m#rd@, foi como correu. Primeiro, o fi£h@ da p"t@ do gajo da vanette esqueceu-se de meter gasolina e tivemos de esperar mais de meia hora que o senhor nos levasse lá ao sítio do beberete. Ainda pensei fazer queixa do gajo. Segundo, foi o cªbr*o do motorista do autocarro que largou três minutos antes da hora e cªgºu de alto para mim. Também pensei fazer queixa do gajo, mas disseram-me que os serviços já estavam fechados e não estranharam nada a ocorrência, porque já faz tempo que andam a varrer toda a m£rd@ para aquela carreira. Terceiro, desisti e vim de taxi. E não é que o pªn£l£irº do taxista teve a coragem de me dizer que o devia ter avisado do desvio, porque desconhecia que agora tinha-se de virar ali para a direita. Mas que grande filh@ da p#tª. Devia é ter feito queixa à Retalis!!!
Um gajo faz uma pergunta inocente e sai uma cagada em três actos! Já não a reconheço e nem faço ideia onde foi ela buscar estes modos. O pior de tudo é que ganhei medo...

quinta-feira, julho 10

quarta-feira, julho 9

Narciso

Amigo leitor, aceda a este magnífico espaço lúdico e consiga a improbabilidade de ficar giro. Usufrua-se como nunca. Delicie esse ego, que bem merece. Comigo resultou. Consigo resultará também

segunda-feira, julho 7

Kim é?

Refugiado: Adivinha onde é que eu vou hoje?
Fogacho: Não faço ideia
Refugiado: Vou a um concerto de uma mulher desmesuradamente bela
Fogacho: Desmesuradamente bela? Assim de repente só me estou a lembrar da Kim Wilde
Refugiado: Correcto!
Fogacho: A Kim Wilde?! Eu tinha calafrios com essa mulher aquando da minha juventude!!
Refugiado: ... e eu vou lá estar
Fogacho: Eh pá, tira uma fotografia e manda-me
Refugiado: Podes contar com isso...
De que servem os bons fins se não há meios que lhes valham?

quarta-feira, julho 2

Fedorixado

Não fazia ideia que beltrano já tinha uma filha em idade escolar. Também não imaginava que sicrano já estivesse divorciado. Ou que fulano-de-tal andasse de namoro com a não-sei-quantas. Posso também confidenciar que o cocó do pensa-que-é-giro perdeu aquele aroma de refogado e passou a libertar uma fragrância semelhante à da couve-lombarda. Já agora, confirmo que as flatulências do anda-sempre-a-largar-se confundem-se com a cozedura do bolo de arroz, o que, convenhamos, é ligeiramente mais suportável que os gases de mostarda de Dijon do cagou-se-todo. Fizeram mudanças neste piso onde trabalho. Para o triplo de funcionários mantem-se a serventia da exígua casa-de-banho com uma retrete e dois urinóis. Está bem que socializamos quando esperamos pela vez, mas qualquer dia já não há tema de conversa, nem narinas que aguentem a vazão das descargas

terça-feira, julho 1

Sande y Regis

Em mais pequenos, somos esponjas absorventes de informação, sem grande (ou quase nenhuma) capacidade de coar excessos. A nossa formação, em tenra idade, assenta muitas vezes nos estereótipos que esvoaçam pelos media. No meu tempo de miúdo, aquando da transição do preto-e-branco para os feixes coloridos da TV, não havia assim tantas referências que me moldassem conceitos de masculinidade. Vivíamos na época do Sandokan. Cheguei a experimentar o lenço de seda na cabeça e a tesoura na cintura, mas deixei-me desses carnavais. Preferi confinar o meu processo de maturação a duas figuras, quasi sem rosto, que se entranhavam no meu imaginário e nos reclamos televisivos. O senhor Sandeman, mais no estilo toca-e-foge, foi útil para aprender a esgueirar-me de raparigas com precoces intentos casamenteiros. O agente Regisconta era... aquela máquina, pelo que é óbvio constatar o que retive da personagem