sexta-feira, novembro 30

Rua dos becos

Chegou ao mercado norte-americano a compilação da série original da Rua Sésamo. Ao contrário do que seria natural deduzir, trata-se, nestes tempos modernos, de uma colectânea destinada exclusivamente a adultos e classificada, nesses termos, para maiores de 18 anos. Cenas como um samaritano a oferecer leite e bolachinhas a uma criança ou o Egas a esfregar o sabonete nas costas do Becas são, nos Estados Unidos, consideradas pornográficas e indutoras de má conduta. Por cá, não creio que existam motivos que nos levem a tão extremadas condicionantes. A não ser que o ICAM avalie como promíscuo a Alexandra Lencastre acariciar o Ferrão

quarta-feira, novembro 28

Paquê?

Há episódios que me conduzem ao conformismo da minha matéria brejeira. Posso mesmo ser rasteiro ao ponto de quase desfalecer de tanto gargalhar com coisa nenhuma. Nesta pública assunção, Paco Bandeira é, sem culpa formada, a origem da chalaça que me desfez em riso incontinente, que quase me carregava ao prematuro descanso eterno. Com a ressalva, para os mais sensíveis, da delicadeza dos termos, não resisto a partilhar a piada que me agonizou quase à asfixia. Perguntava-me o meu amigo refugiado belga se conhecia a origem do nome do Paco Bandeira. Deconhecia absolutamente! Ora a explicação para a toponímia deriva do parentesco do cantor. Como o pai se chamava João Ninha e a mãe Maria Naça, ficou Paco Bandeira!

segunda-feira, novembro 26

Bela da besta

Se entre 1960's e princípios de 70's a programação televisiva era preenchida com reportagens na Feira Popular, festivais da canção e discursos propagandistas, a década de 80 instrumentalizou o pequeno ecran para nos formar a personalidade e integrar numa comunidade a caminho da europeização. No Barco do Amor, transmitiam-nos conceitos de afecto e traçavam-nos o sinuoso trajecto entre os complexos preliminares e a boda. Já nos Três Dukes, as noções de irmandade e laços de sangue ficavam ligeiramente ofuscadas quando a nossa puberdade nos conduzia teimosamente a atenção aos mais justos calções de ganga da vila de Hazzard. Discretamente, estava ali, no rabo da Daisy Duke, o encorajamento para o enlace e a consequente procriação. Para apurar o espírito de grupo e a argúcia empreendedora, ofereciam-nos o Esquadrão A, agrupamento de mercenários justiceiros que expulsavam o mal a troco de uns dólares. Com o Macgyver pouco apreendemos de novo, já que sempre fomos um país de desenrascados. Em contrapartida, assimilámos juízos rectílinios com as curvas a 90 graus do bólide do Automan, ou os conceitos de perseverança com o indestrutível Raio Azul, o helicóptero do incorruptível comandante Farentino. Mas a doutrina televisiva não se esgotava nos juízos de acasalamento ou na destrinça entre o bem e o mal. A Balada de Hill Street era a melhor alegoria à confraternização do belo com o feio. De dia, o capitão Furillo, o feio, engavetava larápios para depois a Dra. Joyce, a bela, os desenclausurar, sob a cobertura jurídica da sexta emenda. De noite, partilhavam um cigarro sob o cobertor, depois da sexta

quinta-feira, novembro 22

Bácora

Sugava o indicador direito com a alarvice do costume. Apliquei-lhe a reprimenda adequada. Em tom firme, como se aconselha para o acerto da admoestação, voltei a bradar pedagogicamente: Cice, não comas macacos!! Em resposta, a pequena ajustou-me a interpretação e retorquiu de sua justiça: Nããããã... não é macacos, é isto! Ora isto era o cerume que acabara de desbastar do tímpano. Não se educa o paladar

quarta-feira, novembro 21

terça-feira, novembro 20

Postada!

- Fogas: Tenho aqui no telemóvel quatro chamadas tuas não atendidas. Passou-se alguma coisa?
- Maria: Passou!
- Fogas: Então?
- Maria: Fui contra um poste!
- Fogas: Foste?!?!? E estás bem?
- Maria: Eu? Estou!
- Fogas: Não partiste nada??
- Maria: Não, nada... estou bem!
- Fogas: Olha... e o carro?
- Maria: O carro? Qual carro?
- Fogas: O nosso carro! Ficou muito partidinho?
- Maria: EU fui contra um poste!! EU!! Alarmista, pá!
(o principio do fim de uma sanidade já de si debilitada)

segunda-feira, novembro 19

A Iga A.

A polémica instala-se pelo cantos mais recôndidos da comunidade blogueira. A responsabilidade do alvoroço é exclusiva de uma jovem polaca que o espaço virtual mais paradisíaco do Mundo decidiu projectar para a ribalta. De Iga A., assim mesmo, de apelido desbastado à primeira letra de família, pouco se sabe. Aliás, é esse caracter anónimo, associado a uma caixa toráxica 37 DD, números que vão um pouco além da volumetria de dois pacotes Nesquik, 50 cl cada, e a um semblante casto, que inspiram comentadores, opinadores e existencialistas a esgrimirem argumentos sobre a subjectividade da formosura. Tendo direito à palavra, acrescento: há debates inócuos que merecem ser estrondosamente derrotados pelos 167 cm (contornados por 64 de cintura e 91,5 de quadril) de indiscutível excelência. Tenho dito!

quinta-feira, novembro 15

CACAu amargo

A propósito desta postada num blog que muito prezo, lembrei-me de um episódio recente que ocorreu algures. Ora, sinteticamente, cá vai:
- Chef: Meninos, meninos, fiz aquele bolinho de chocolatinho molhadinho em calda e barradinho na ganache com que todos gostam de se alambazar. Quem quer, quem quer?
- Todos: Eu, eu, eu, eu!
- Chef: Vá, vá... já sabem que isto não dá para todos. Deve ser degostado por quem mais contribuiu para a sua manufactura. Ora vamos lá ver...
- Aprendiz1: Eu paguei a tablete de chocolate negro, mais os ovos e a farinha.
- Aprendiz2: Eu entrei com o leite e a margarina.
- Aprendiz3: Eu contribui com as natas e a calda.
- Aprendiz4: Eu dei o fermento e ainda tive de limpar a caca toda da cozinha!
- Chef: Hmmmm... e tu Fátinha?
- Fátinha: Eu... eu... eu trouxe um pratinho e um garfozinho
- Chef: Toma lá o bolo!

quarta-feira, novembro 14

Xiça, penico!

Além do seu cariz incondicional, perene e transcendente, o amor paternal pode distorcer-nos a sensibilidade. Neste âmbito complexo de sentimentos, determinados preconceitos reaprendem-se e dotam-se de pioneiras percepções do meio. A milha filha andava a sofrer com um surto agudo de obstipação. Por arrastamento, a crise instalou-se nas preocupações diárias de um penico teimosamente vazio. Perdeu-se a conta dos dias acumulados de infrutíferas investidas ao vasilhame até que um odor pestilento se sobrepôs ao aroma dos 40 ambientadores que a Maria espalhou lá por casa. Seguindo o rasto, conflui ao quarto de banho. Nunca um cenário de dois quilos de bosta despojados no bacio me pareceu tão reconfortante e desmesuradamente belo. Já me abalei com merda de terceiros, mas foi a primeira vez que me vieram as lágrimas aos olhos

segunda-feira, novembro 12

Loves aDora

In our scholarity we've met diferent cáinde (pás!!!) of teachers. Some we don't even remember their names. Others ár (catrapás!!) still fixed on our minds. In this particular case, in my face. I perfectly remember mái (pááás!!) english teacher, a goanese native and very rigorous in the english matters. I still own a huge gratitude tu (pás pás!) her, because my perfect excellence in this language is the result of her árde (catrapás!!) training. For each error in her dictations we were rewarded with a wild slap on our soft chiks (pás!). That make us swell of proud... and of a little pain also. That lovely story remembers me nowadays a boring girl named Dora. Thanks to her, my little child Cice already knows the exhausting counting of one-to-ten. My glory past defeated by modern skills

sexta-feira, novembro 9

Cashback

Cashback é uma original pelicula de autor que explora um dos conceitos que mais me animavam as fantasias nos tempos de miúdo (e de mais graúdo, vá lá). Em traços gerais, para não infectar esta postada com spoilers, o filme trata da história de um rapaz que é largado pela namorada. Em espiral depressiva, o jovem deixa de dormir. Para ocupar as permanentes insónias, emprega-se num supermercado e oferece-se para a menos concorrida escala de madrugada. Em agravado delirius progressivus, o jovem ganha afinidades com o domínio do tempo e especializa-se na tecla da pausa. Com os cenários estanques, desnuda as clientes femininas e apura a veia de retratista. Lembrei-me de quando imprimia frustradamente cadernos de figuras desnudadas para pintar compulsivamente o corpo nu, à falta de candidatas para o meu ensejo artístico e incapacidade do telecomando em pausar as púdicas

quarta-feira, novembro 7

Valsa Ross

Muito antes dos revolucionários anúncios ao creme de banho Fa Fresh, lembro-me de um outro reclamo televisivo, que também versava a temática da higiene diária, gerador das primeiras combustões hormonais da minha pessoa. A par do Feno, e da alva rapariga que desbastava searas ao peso das passadas de amor, existia um outro produto concorrente, que não me recorda o nome, que propagandeava um sabonete ao som do meu mais reprovador guilty pleasure. Esgotavam-se as sobras da década de 70 e, ao mesmo tempo, germinavam-me no íntimo os primeiros impulsos de afeição ao sexo oposto. Como oportunamente denunciei, os carinhos na Elizabeth elaboravam-se na fantasia pelo som de Diana Ross e desta magnífica balada de amor. O cenário de confetis pluri-cromaticos, cuspidos sobre verdejantes pradarias, sob um horizonte pejado de arco-íris, reflectidos em cristalinos lagos de nenúfares, onde repousam centenas de ligeiras borboletas, só é verdadeiramente belo ao som do Do You Know Where You Going To. Cantamos?

segunda-feira, novembro 5

Equação do amor

Os propalados rankings das escolas nacionais oferecem uma peculiar dedução. Os rapazes são melhores na matemática e as raparigas em português:
- Ela: Serginho, julgo que nos estaremos a precipitar para níveis que extravasam a tenra maturidade das nossas existências, sob o risco da futura incapacidade de suportarmos o resultado do nosso impulso irracional.
- Ele: Oh Paulinha, subtrai lá as truces e não queiras fraccionar-me a tesão