quarta-feira, janeiro 31

Lactis in corpus sanus

Nos últimos dias, noticiava-se que Isabel Figueira, em plena forma depois de parir o pequeno Rodrigo, agora com cinco meses, vai dar a cara pela Corporación Dermoestética. Depois de ter dado o backside pela Triumph, aguarda-se com expectativa a disponibilidade de Isabel a uma eventual investida da Mimosa

terça-feira, janeiro 30

Aqualogic

Aqui há dias tive o privilégio de testemunhar presencialmente uma das mais eficazes estratégias de marketing de todo o sempre. Duas entidades, uma delas produtora de águas minerais e demais derivados, trocavam melados galhardetes em cerimónia pública, que formalizava uma rentável parceria. O evento foi abrilhantado à altura de tão nobre protocolo. Distribuídas pela sala, 16 garotas requisitadas para o efeito e equipadas a rigor. A sala quase apinhada acompanhava, já com notório enfado, o ping pong de elogios entre as duas altas figuras das entidades acasaladas. O cardápio de lisonjas ia arrastando a cerimónia e já ninguem os podia ouvir. Estava um deles a rematar o sexto discurso num não me canso de repetir que é com desmesurada honra, não-sei-quê e não-sei-que-mais, quando ecoa pela sala um brutal estrondo, que emudeceu, por uns nanosegundos, a ampla área de convivas. Depois, só quando um par de senhoras se levantou em estridente inquietação constatei que uma das 16 jovens tinha desfalecido redonda sobre o pavimento. Desconfortável por lhe terem "tesourado" o remate da prelecção, o responsável pela empresa de bebidas ripostou, para quebrar o gelo: não toma a nossa água revitalizante, limão&magnésio e sem adição de açúcar. Obviamente!

segunda-feira, janeiro 29

Cólo do ventre

Registo digital da patologia infantil ventris regressivus, numa rara versão encaixotada

domingo, janeiro 28

Nevou!

No conforto da cama, uma algazarra na rua me chama
Buzinões e gritaria, questionei o que se passaria
Barulheira destes aparatos, só os festejos dos lagartos
em festim odioso, por todos os golos contra o Glorioso
Fui ver o que se passava... afinal só nevava

sábado, janeiro 27

Irmandade do granel

Um lolly pop aos homens da minha vida. Os velhos tempos também se guardam na pasta dos favoritos

sexta-feira, janeiro 26

Jaquinzinho

Vem este post a propósito de uma recente confidência de um colega de trabalho. Gabava-se de andar enrolado com uma adúltera que apreciava ser violentamente esbofeteada aquando dos calores do acto. Ora o citado relacionamento de ocasião lembrou-me uma história que se contava nas antigas tertúlias do bar da Estrela. O Joaquim, vamos camuflar assim a verdadeira identidade do nosso herói acidental, coleccionava namoradinhas e contentava-se com a moderada actividade sexual. Uma vez por outra, perdia a cabeça e fazia aquilo de pé. Mas a vida do Quim sofreria uma inesperada reviravolta no dia em que colidiu com uma desvairada de andamento indiscutivelmente superior às lolitas que ia namoriscando. Jantaram um par de vezes e, embalados por duas garrafas de tinto Meia Encosta, acederam finalmente copular. Além de umas palmadas cirurgicamente assentes na zona nadegueira, a nova sócia só começava a ruborizar quando injuriada pelos mais picantes palavrões. Habituado a uma terminologia mais convencional, o Quim começou por estranhar, mas tal qual coca-cola no goto do Pessoa, foi ganhando gosto por aquela pouca vergonha, a ponto de sofrer insónias de só pensar naquilo. No entanto, a insaciável carência vexatória da desequilibrada começou a desgastar o nosso herói, já sem adjectivos que pudessem compensar as necessidades vernáculas da parceira. Em nova sessão de cambalhota, e quando a mulher se preparava para lhe pedir um punhado de invectivas que accionassem a ingnição, o Quim mirrou e abeirou-se, junto com a sua azeitona, dos pés da cama. Quando a tarada se lhe dirigiu para indagar do imprevisto recuo, o Quim não se conteve e chorou como uma criança, assumindo, entre soluços, o sincero lamento: Eu não consigo... Eu não consigo! Vestiu-se e saiu porta fora. Nunca mais se soube do Quim. Infortunadamente, também não há notícias do paradeiro da desvairada

quinta-feira, janeiro 25

Justa cegueira

Há uns anos, o Baltazar rematava os rojões com um tinto lá na tasca que lhe aviava os pratos diários. No balcão, a faxineira do centro de cópias ao lado desenrascava uma bucha com queijo, antes de passar a lixívia nos azulejos dos balneários. Baltazar emborcou o resto do copo, sem perder do fito as nádegas da empregada. Assobiou-lhe, chamou-a ao ouvido e sussurou-lhe qualquer coisa sobre aquele... piiiii... que lhe dava uma... piiiii... a ponto de lhe inchar os... piiiiii... A brasileira sorriu com a desenvolta verborreia de Baltazar, afeiçoou-se e facilitou mesmo ali na cozinha, com o assentimento cúmplice do Jonas, proprietário do estabelecimento de restauração. A cambalhota coelha germinou numa pequena, que agora dizem resgatada por uma bandida armada de mãe plena há uma data de anos. O pobre do Baltazar, ladeado por dois judites aquando dos testes de ADN, apaixonou-se por fim pelo espermatozóide fecundador. Reclamou o seu sangue e mandou para a choldra o pai da criança, vil sequestrador aos olhos da justiça. A empregada brasileira saiu em defesa do casal de pelintras e ameaça agora Baltazar de invasão abusiva de propriedade alheia, acenando, como prova, o tratamento às cândidas prescrito pelo médico de família. Eu sugeria ao Baltazar, para alívio das ansiedades, uma massagem rectal, para posterior empalamento com um cabo de vassoura, previamente barrado com um punhado de areia sobejante da Costa da Caparica

quarta-feira, janeiro 24

Quartreta

Na sequência das insistentes lamúrias sobre o - alegado - recurso abusivo à imagem feminina, o que considero manifestamente excessivas, aceito, coagido, compensar os ávidos ensejos libidinosos das minhas fiéis leitoras. Recupero neste espaço a primeira boys band portuguesa. O saudoso Quarteto 1111, um grupo de bonitões formado por Michel, José Cid, que ainda dá cabo de algumas sexagenárias, Tozé Brito, o das sobrancelhas mais carregadas que o Becas da Rua Sésamo, e Mike Sergeant, o ruivo saxónico que nos legou a sardenta Julie. Entre as obras imortalizadas pela banda, que se gabava de ajustar à realidade lusófona um misto de Beatles e Shadows, destaco naturalmente A Lenda de El-Rei D. Sebastião, gasta alegoria do holofote perdido que tarda realumiar uma nação à deriva. Não esqueço também que foi o citado grupo a patrocinar uma das primeiras incursões da Igreja Católica na música ligeira, quando recuperou do retiro dos claustros Frei Hermano da Câmara. O frade da batina negra e das havaianas ofereceu a voz cristalina à obra Bruma Azul do Desejado, seja lá o que isso quer dizer. Com ou sem metáforas, a verdade é que terá sido esta pioneira santa aliança que motivou, mais tarde, o Padre Borga a pôr a mão nas nossas mãos, em rodinha globalizada com o Senhor

terça-feira, janeiro 23

Calimel

Estive quatro dias fora de casa. Tive um quarto amplo e alcatifado, um jacuzzi catita e o adultério à distância de uma abelha. Mas atentai que não era um insecto qualquer. Era uma abelha mestra, felpuda, com bico de pássaro e abdómen nutrido. Bem apessoada e de porte atlético singular, a abelha saltitava compulsivamente, à semelhança do martelo pneumático da chancela Sangalo. Tinha pulmão que debitava quilolitros cúbicos de oxigénio. Mas, melhor ainda, tinha coração e sentimentos. Depois de mais uma desgastante coreografia, a abelha abeirou-se de mim, piscou-me o olho de esguelha e ofereceu-me dois rebuçados de morango e um toffee de nata. Foi o gesto de indiferença mais deferente de toda a minha existência. Não é todos os dias que uma Maia, com um cisco no olho, nos vem adoçar a boca

segunda-feira, janeiro 22

sexta-feira, janeiro 19

Eva d'Adão

Para os macambuzios, que nunca vislumbram luz alguma
Para reproduzir novos pontos de referência
Para molde de Deus na requalificação do Éden
Pare revolucionar de vez os conceitos de excelência
Para nos angustiarmos pelo fim de um ciclo
Para delimitarmos o infinito da beleza
Para nos deliciarmos incrédulos
Para dar saúde e revigorar o olhar
Para estupidificar... e até salivar
Para graças a um espaço magnífico
...
Eva Green, a mais sardenta das bond girls

quinta-feira, janeiro 18

Uma salva de palmo

Severiano, meu pequeno bacano
Na cabeça uma panela, fatela
Mais o agasalho camuflado, marado
De três números para lá
Que de júnior modelo não há
E as luvas na mão, do capitão
Agasalhavas-te, Teixeira, de outra maneira
Um polar até nem ia mal
Compunha-te o ar institucional
Aconchegava-te a barriguinha
Mais o gorro na pinha
Desafogavas-te dessa farda que te enfarda
E poupavas os pés ao sarro da bota do sargento janota
Assim, arrastas-te no Afeganistão
Com risco de um valente trambolhão

quarta-feira, janeiro 17

Esclafedorento

Fruto dos impropérios lançados à minha dignidade aquando da postagem de um determinado escrito, venho esclarecer algumas dúvidas que parasitaram pelo universo analógico relativamente às aparências da minha Maria. Quando me referi ao buço oxigenado, estava obviamente a metaforizar sobre uma única pelosidade que brota, irascível, sobre a sua pele aveludada. Falava, em alegoria, do pentelho eriçado e ponteagudo que irrompe, a lento ritmo bimensal, na queixada. O problema tem-se resolvido com o meu cuidado trato e a pinça lá de casa. Fica então registado o desagravo capilar, acrescido de um antecipado esclarecimento a eventuais desaforos, em forma de desforra mesquinha. Então aqui vai:
1 - É mentira que passe mais de quatro dias sem tomar banho
2 - É calunioso sugerir que tenha cuecas sarapintadas com manchas de nicotina
3 - É ofensivo insinuar que urino sobre as bordas do tampo da sanita

3.1 - Tal como é insultuoso ventilar que a Maria alguma vez tenha ficado com o rabo entalado no bocal da sanita, numa madrugada de aperto, por me ter esquecido de recolocar o referido tampo sobre a fria cerâmica
4 - É condenável aventar que as minhas flatulências tardem em diluir-se na neutralidade do ambiente
5 - É falso que calce as mesmas peúgas durante uma semana
5.1 - Desminto categoricamente que as mesmas sejam confundidas com postas de arenque fumado, por alegadamente embebidas em sebo pestilento

terça-feira, janeiro 16

Borra de vida

Aqui no burgo, quem, porventura, preferir aliviar-se de casaco, usufrui de todas as condições logísticas para pendurar a indumentária sobre o cabidezinho aparafusado, com rigor, às traseiras da porta. Mas depois deverá arregaçar as mangas para accionar o autoclismo. Vide como jaz a tampa no canto superior esquerdo do compartimento. Reparai quão alva repousa, em contraste com a água pútrida que devia encobrir. E o zingarelho que de lá emerge e nos ajuda a desenrascar a descarga. Não esquecendo que o piaçaba, de tão pouco uso, está grudado na sua base nada asséptica, que nos obriga a contrariar, de cócoras, o vácuo entre a esfregona e o baldezinho do artefacto. Para cagar, sai-se de lá mais cagado que a cagada que cagámos

segunda-feira, janeiro 15

Velhos hábitos

Conduzia disciplinadamente a família para casa (mariquinhas pá, pezinho leve). A velocidade moderada, deparei com um vulto trôpego que monopolizava a via alcatroada (mas eu já li uma coisa parecida, pá). Mais perto, concretizo que a silhueta, antes disforme, se trata de uma senhora idosa que, por certo, toma o mesmo caminho (não acredito nisto, pá, mais uma suicida pá). Afrouxo a embalagem da viatura (mas estas múmias não conhecem os passeios, pá) e, em passada de caracol, contorno com cuidado o obstáculo (devias é ter-lhe engomado a fronha, pá). Sigo e parqueio um pouco mais à frente. Saio da viatura e espero que a Maria retire a criança da cadeirinha. Preparo-me para trancar o carro quando me interpela a criatura que momentos antes havia contornado (ai a p#*@ da velha que ainda vem aqui pedir mezinhas). Em volume baixo, e em modos educados, aconselha-me para, em casos semelhantes, buzinar para assinalar a presença na estrada (eu estava é já a ir-lhe às trombas, fosga-se pá). Respondo-lhe que, na próxima oportunidade, guinarei violentamente para cima do passeio e seguirei o meu caminho sobre a calçada portuguesa (vais longe, vais, com essas respostas mansinhas), pois a senhora já terá chegado à idade para o usufruto descomprometido da auto-via (vais ver, se da próxima for eu a apanhá-la passo-lhe por cima). O que vale é que sou um gajo pacífico (tu és é uma grande maricona)

sábado, janeiro 13

Hiper Martetin

Já não chegavam os chupas? Punhados e punhados de chupas. E acham que havia pouco chocolate? Vai de encher os expositores com toneladas de tabuletes. E os balões? A que propósito populam aquilo de balões? Ah, não esquecendo as pastilhas. Paletes de pastilhas de sabores diversificados. E já nem quero falar das gomas. Sim, que não há prateleira que não esteja recheada de quilos de rebuçados vistosos. Tudo bem. É marketing agressivo. Capitalizar ostensivamente o tempo de espera para o consumidor sacar mais qualquer coisa. Mas tetinas??? Agora metem tetinas nas proximidades das caixas registadoras?? Fosga-se. A criança tem uma crise de regressão, endoidece em berraria, faz uma fita que nos envergonha e um gajo é obrigado a levar esta inutilidade para casa. Olha... fica ali a um canto a ganhar pó, que a mim não me faz serventia

sexta-feira, janeiro 12

Bolbo besta

Desafortunadamente, a minha relação acabou de dar um gigantesco passo rumo à inevitável desintegração. Primeiro, descobri que, no mesmo prédio que nos dá guarida, hospeda-se uma mulher de sorriso cordial e de índices estéticos que rivalizam com os das melhores estampas do distrito de Lisboa. Talvez abalada com a descoberta, a minha Maria sofreu um achaque. Ainda disfarçou mas, momentos depois de se cruzar com a fera, rebentou-se-lhe a veia rústica, aquela que alberga os fundamentos mais rudimentares e só se manifesta, episodicamente, em momentos de alarme ou de maior agitação. Ora no preparo do repasto, uma suculenta perna de borrego, aprendi que nos assados devemos atafulhar o tabuleiro com aquelas batatinhas redondinhas e pequeninas. E isto porquê? Porque são batatinhas gulosas. Por outras palavras, são malandras. Ariscas. Que Deus Nosso Senhor as perdoe, mas atiçam-nos os apetites. Que o Criador as conserve em casta fértil, mas omita que o especificado tubérculo nos transforma em glutões compulsivos. Tratam-se, portanto, de batatinhas gulosas, que nos exacerbam o pecado da gula. Ui, ui, cruzes. A este ritmo, não tarda nada a Maria deixa de oxigenar o buço

quinta-feira, janeiro 11

Morangada

Acompanhávamos as notícias do final de dia, acomodados no conforto do sofá. Passavam as habituais tragédias, entrelaçadas com graçolas do pivot a destempo. Lá fora, a noite esmagava o que resistia da claridade e convidava ao preparo do sono. Num repente, agarrou-me no pescoço e apelou ao beijo. Encaminhou-me o rosto ao dela, escancarou a boca e denunciou o fiambrezinho salivado. Num misto de estupefacção e repúdio, questionei-a de pronto: mas o que é isso Cice?!? A resposta que recebi de volta: um bêchu moângu! Estes miúdos são umas esponjas e nós as despudoradas cobaias. Haverá cadeados para comandos de TV?

quarta-feira, janeiro 10

Elefantétrico

Um destes dias fui à FNAC para mais uma penosa sessão do olha-que-prateleiras-tão-arrumadinhas-e-cheias-de-bens-de-consumo-apelativos. Para não sofrer sozinho e garantir um ombro que me sustesse as lágrimas da privação, levei a minha filha. Escolha desacertada, pela vergonha que passei. Entendeu o rebento que tínhamos de saltitar entre as gigantescas circunferências amarelas coladas sobre pavimento. Caso calcasse a sola na alcatifa, terreno minado no entendimento dela, soltava um berro estridente para satisfação lúdica das centenas de presentes no mesmo estabelecimento. Prevaricasse ou não na espalhafatosa caminhada sobre as bolas amarelas, a discrição não era propriamente característica do espectáculo que oferecíamos aos outros consumidores. Senti-me um elefante a saltitar entre nenufares, para gáudio particular da minha filha, que se ria com uma alarvidade sádica que me destroçou o coração. Só me passaram as vontades de lhe esganar o tenro pescocinho quando, com inesperado desembaraço, se dirigiu à secção de música francófona e começou a folhear os CD's da France Gall e do Gilbert Becaud. Tenho uma fila torcida e de ouvido empoeirado
Et le voilà parti sur ses petites jambes
Sur des routes trop grandes, bien trop grandes pour lui.
Et le voilà grandi, il a les joues qui piquent,
Il fume de la musique et part pour New Delhi.
Gilbert Becaud, A chaque enfant qui nait

terça-feira, janeiro 9

Gostos cinzentos

Mas o que é que elas vêem neles?
O materialista: O dinheiro!
O esotérico: A aura
O previsível: O talento
O popular: Quem feio ama...
O lamento: São belas, mas senis
...
Adenda: procura-se espaço para o Sanatório Fogacho

segunda-feira, janeiro 8

Tenro amor

- Então, sempre foste àquele aniversário?
- Sim... arrastado!
- Tinha mulheres giras?
- Zero!
- Grande seca!
- Nem por isso, havia bom vinho
- E a tua mulher?
- Emociona-se com aquelas coisas
- E a Cice, gostou?
- Arranjou um namorado
- Haja quem se divirta

sexta-feira, janeiro 5

Mira técnica

A emissão é interrompida para gozo pessoal e segue dentro de um fim-de-semanazinho folgado

quinta-feira, janeiro 4

Monarca drag

- Maria: Quem é a minha princesa, quem é?
- Cice: Xou eu!
- Maria: E a Mãe?
- Cice: Pinxeza tumém
- Maria: E o pai?
- Cice: Riiiinha!!
...
Nota psicanalista: A hierarquia está pacificamente assimilada no conceito da criança. Falta rectificar com urgência os padrões sexuais

quarta-feira, janeiro 3

Abocalippo

Defini a minha sexualidade muito cedo. Acho que qualquer questão sobre as minhas preferências ficou esclarecida num serão televisivo familiar, quando passava a série Eu, Cláudio, que nos ficcionava as sombrias movimentações no Senado romano. Num desses episódios, a produção da BBC presenteou-me com uma mulher em pelota. Dilataram-se-me as iris, esbugalhei os glóbulos oculares e defini a minha orientação. Passei então a desdenhar tudo o que perigasse o meu imaturo ensejo. Talvez por isso, sempre me afligiu a fálica comercialização dos Calippos. Aquilo não é gelado para quem cobiça, desde tenra idade, mulheres nuas. Transigia na procura feminina pelo gelado cilíndrico. É natural. Faz parte. Edifica a personalidade da fêmea. Agora, incomodavam-me os companheiros de bola saciarem-se com sôfregas sorvidelas naquilo... Infelizmente, o produto continua a ser comercializado. Resistiu à mutação da década de 80 e continua a dar cartas num mercado galopantemente liberal, que já não conseguiu reter, porém, outro ícone das malandrices de uma Olá afeminada, o defunto O Dedo