sexta-feira, novembro 7
Variedades
Não quero desculpabilizar as minhas opções em idade mais precoce, mas toda a gente carrega com um gomo mais apodrecido no conjunto do fruto que lhe germinou em pessoa. Tive gostos que, nos dias de hoje, e numa primeira leitura, podem sugerir náuseas ou, em casos mais extremos, cólicas renais. Nos dias de hoje, por exemplo, qualquer editora doméstica consegue compilar, com a celeridade e eficiência do digital, uma colectânea de artistas. Nos meus tempos de menino, o vinil e a fita magnética delimitavam-nos os apetites do consumo musical. Eu, por exemplo, para ter num só produto estilos tão díspares como Tom Jones, Tina Turner, Tony de Matos ou Alfredo Marceneiro tive de adquirir a cassete do Fernando Pereira, comprada ali numa discoteca entalada entre a taberna das limonadas e o tribunal da Boa Hora. Na altura, o referido artista ainda ostentava um bigode que lhe conferia uma insuspeita masculinidade, pelo que adquiri descomprometidamente a obra, sem antecipar que ainda hoje me ruboriza a face de tanta vergonha
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2 comentários:
humm, mas onde é que pára a obra? não está cá em casa!!
Cá para mim não tem absolutamente desculpa nenhuma! Como é que uma pessoa da sua estirpe cultural e linhagem intelectual consegue, mesmo em pequeno, dar ouvidos a tamanho atentado à moral artística? Um cantor como o Fernando Pereira!!! Sinceramente, meu amigo, as náuseas, as cólicas renais e o rubor da face é o mínimo que lhe pode acontecer. As notas desafinadas pelo mau gosto desse esterco musical, deveriam caír-lhe agora dos ouvidos como pústulas ensaguentadas e infectar a sua família por 7 gerações. Onde é que já se viu ouvir, ainda que inocentemente, este aldrabão das vozes? Um homem que anda há mais de 25 anos a enganar especialistas mundiais da voz, médicos, professores, otorrinos, que pensam que aquelas proezas raríssimas que ouvem nos espectáculos saem mesmo da voz dele? Como se nós não soubéssemos que tudo isso não passa de um implante na laringe, realizado por um homeopata do Entroncamento... Não sei o que mais lhe hei-de dizer e, muito menos, o que há-de pensar a "inteligenza" do nosso país, ao constatar assombrada que você é, afinal, também um dos muitos milhões de vítimas - homens, mulheres, crianças, idosos, jovens universitários, médicos, professores, políticos, artistas, músicos, empresários, trabalhadores e gente anónima de norte a sul que, destituídos de pudor e qualquer sentido estético, ouviam, acompanhavam e aplaudiam, em centenas de concertos por ano e em dezenas de horas de televisão, este péssimo exemplo do repertório artístico lusitano. O que é deveras preocupante é que muitos fazem-no ainda hoje e cada vez mais, por esse mundo fora! Realmente, o gosto não se discute, lamenta-se.
angeline-usa@hotmail.com
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