segunda-feira, dezembro 29

Dar (a) pica!

No final de mais de cinco horas nas caóticas urgências do Hospital da Luz, já depois de me terem reconstruido o polegar direito com linha de nylon, na sequência de uma inconveniente mutilação por um xisáto, aquando de um bricolage doméstico.
- Enfermeira Vera: Então acabamos isto com a vacina do tétano...
- Fogas: Pois lá tem de ser...
- Enfermeira Vera: Como se portou tão bem, até lhe dou duas opções, o braço ou a nádega?
- Fogas: É indiferente.
- Enfermeira Vera: Deixa-me escolher?
- Fogas: Sim.
- Enfermeira Vera: Baixe as calças!
BOM ANO!

segunda-feira, dezembro 22

Scrooge

- Amigo: Acho esta história das caixas prioritárias uma descriminação medonha
- Fogas: Sim... de alguma forma é
- Amigo: Num país civilizado acabava-se com estas merdas
- Fogas: Tens razão... não era preciso...
- Amigo: F#d§ssss... quem são estes gajos para me mandar dar o lugar a prenhas, entrevados e carcaças
- Fogas: ...
- Amigo: Umas andaram com o pito aos saltos e agora querem paninhos quentes... outros escangalharam-se todos a acelerar na IC-19 em Hondas 600 e os velhos são incapazes de dar um tiro na cabeça para evitarem arrastar-se naquele estado caduco
FELIZ NATAL!

quinta-feira, dezembro 18

É uma tchawetice!

Num programa de rádio, ao fim da tarde, no trânsito de regresso a casa:
- Locutora: Hoje temos aqui o Tshawe Baqwa, dos Madcon. Vamos falar um pouco com ele... Hi Tshawe, glad to have you here
- Tchawe: I'm glad too... being near such a nice girl... the nicest portuguese girl!
- Locutora: Thanks Tshawe... nice of you to say... So, it's your first time here in Portugal?
- Tchawe: No... i've been here once... in Cascais and some other place i can't remember... 'cause i was too much drunk
- Locutora: O Tchawe diz que já esteve uma vez em Cascais de férias... And what about your new single... Liar, can you talk about this new music?
- Tchawe: Yeah... Liar talks about an ex-girlfriend of my band partner Yosef. Yosef was kissing this girl and he began to undressing her. She had a great pair of tits. Than he took her skirt off and he saw that she had a real big penis... bigger than his...
- Locutora: O Tchawe tem familia sul-africana e nós sabemos que vai passar o Natal na África do Sul!

quarta-feira, dezembro 17

DGV

Acidente: acontecimento repentino, fortuito e desagradável; (dir.) acontecimento do qual veio a resultar qualquer prejuízo para pessoas ou coisas; contingência; peripécia; desastre.
Desastre: acidente funesto; desgraça; revés; fatalidade; sinistro.
Despiste: acto ou efeito de despistar ou despistar-se; desorientação.
Pedaço: parte (de um todo); porção; bocado; trecho; período; (pop.) mulher encorpada; mocetona. (Do gr. pittákion, «remendo; parte», pelo lat. pitacîu-, por pittacîu-, «rótulo de uma vasilha; pedaço de pergaminho... ou de mau caminho»)
Foto retirada do paraíso

segunda-feira, dezembro 15

Versículos balsâmicos

Ao mesmo tempo que adquire conhecimentos na esfera anglófona e enumera, com desbravado engenho no inglês falado, todas as cores do arco-irís, a minha filha vai articulando lenga-lengas com rimas previsíveis, o que não augura nada de bom quando desafios mais exigentes se lhe cruzarem o caminho do amadurecimento. Ora atentemos para um dos exemplos mais recentes do seu exercício de lógica previsível e pouco ginasticada: "Pai, paizão, tens um lugar no meu coração. Estás guardado lá bem no fundo... És o melhor paizão do mundo". Temo que sejam as más influências do Toninho Carreira, rei da canção foleira, amiguinho da Popota, robusta agiota da época natalícia, sem perícia (e já chega que isto é viciante... adiante!)

quinta-feira, dezembro 11

Bate mau

Há um ensinamento que percorre a vox populi e que nos aconselha a fazer o bem sem olhar a quem. Mas há também quem goste de contrariar e prefira praticar o mal indiscriminadamente. O último filme do Homem Morcego serve-nos as duas opções. O bem, vestido de negro e de voz grave, e o mal, num colorido desalinhado e gargalhada histérica. Não é só por ser sombrio que o Dark Knight nos deixa às apalpadelas. E não é só (mas também) pela sua morte que Heath Ledger justifica ser mascarado de ícone da vilania. É sobretudo como nos exibe a prática compulsiva de uma maldade infantil, cruel, delirante e incobrável. A interpretação do Joker é arrebatadora e, por si só, imortal, mas também não acho que sejam os anunciados (e cada vez mais parolos) óscares o merecido tributo ao cowboy sensível das montanhas do Wyoming. Por falar nisso, é curioso que outro homicida da ficção tenha também começado a mostrar a nobreza do seu faz de conta em outro papel sensível, no Sete Palmos de Terra. O que distingue o Dexter de Michael C. Hall do Joker de Heath Ledger? Um mata em respeito escrupuloso de um código deontológico de carnificina, substituindo-se à (in)justiça. O outro destrói pela histeria que a angustia do próximo lhe crava (literalmente) no rosto (e pronto... agora vou ali ouvir A Fine Frenzy só para desanuviar)

terça-feira, dezembro 9

Play there... man

Fazes-me falta. Evoco-te quando os silêncios mudos me ecoam pelas entranhas. Procuro o conforto do teu regaço quando os solavancos me intimidam. Preferia que calasses os que se forçam a saudar o novo dia. Reclamo-te as baladas quando me levito ao destino que me emprega. És o vazio que careço quando as falas fúteis se atascam ao ar que respiro; o balão de oxigénio que me alivia do sufoco do desconforto. Fazes falta Richard, no elevador do emprego

quinta-feira, dezembro 4

Pêlo de lê-lo

Manuel Arouca foi, para mim, um género de Alice Vieira em versão de recém-maduros. Antes de enriquecer como argumentista de novelas da vida, o Manuel Arouca escrevia livros, um mérito dele de usufruto meu. Pertence-lhe a primeira obra que li sem batota. Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e outros camaradas romancistas da mesma igualha literária foram corridos na diagonal naquelas sintéticas edições da Europa-América de capa amarela. Maçavam-me os os detalhes descritivos, os preciosismos enfadonhos, os lutos da tuberculose, os incestos e as maratonas das carruagens Lisboa-Sintra. Com o Manuel Arouca era tudo mais cru e mundano. Com ele, deixei-me de expectativas idílias e fantasias pueris. Foi com o Gente Marcada que constatei, em meados de 80, que as mulheres tinham pêlos nas pernas

terça-feira, dezembro 2

Zebra

A minha figura no traço de um futuro grande artista (vide quão arrumadinho estou: camisola em pendant com as sapatilhas)