quinta-feira, dezembro 11
Bate mau
Há um ensinamento que percorre a vox populi e que nos aconselha a fazer o bem sem olhar a quem. Mas há também quem goste de contrariar e prefira praticar o mal indiscriminadamente. O último filme do Homem Morcego serve-nos as duas opções. O bem, vestido de negro e de voz grave, e o mal, num colorido desalinhado e gargalhada histérica. Não é só por ser sombrio que o Dark Knight nos deixa às apalpadelas. E não é só (mas também) pela sua morte que Heath Ledger justifica ser mascarado de ícone da vilania. É sobretudo como nos exibe a prática compulsiva de uma maldade infantil, cruel, delirante e incobrável. A interpretação do Joker é arrebatadora e, por si só, imortal, mas também não acho que sejam os anunciados (e cada vez mais parolos) óscares o merecido tributo ao cowboy sensível das montanhas do Wyoming. Por falar nisso, é curioso que outro homicida da ficção tenha também começado a mostrar a nobreza do seu faz de conta em outro papel sensível, no Sete Palmos de Terra. O que distingue o Dexter de Michael C. Hall do Joker de Heath Ledger? Um mata em respeito escrupuloso de um código deontológico de carnificina, substituindo-se à (in)justiça. O outro destrói pela histeria que a angustia do próximo lhe crava (literalmente) no rosto (e pronto... agora vou ali ouvir A Fine Frenzy só para desanuviar)
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