segunda-feira, abril 28
Lila, oh Lila
Assemelho-me nestes dias a um toxicodependente em período de privação. Acabei de degostar, junto da minha Maria, a segunda época inteirinha do Dexter, o especialista forense que mutila às fatias, e em espaços assepticos, homicidas que a justiça negligenciou. Vou sentir falta do humor mórbido do Morgan, da volatilidade sentimental da irmã Debra. Da rectidão maníaca do falecido pai, Harry. Da prendada e dedicada Rita, uma alma naif que todos os homens gostariam de ter a seu lado, para prevaricarem à vontadinha. Para melhor avaliarem o meu estado de viciação, até me fazem falta a cabra-tenente Laguerta e o amante secreto, sargento Doakes, o atirador compulsivo que virou bode expiatório. Vou ter muitas saudades do pinga-amor Angel Batista e do sexualmente perverso Vince Masuka. E assim que me lembre... estão todos! Se já ando neste estado, nem quero imaginar se a série tivesse, sei lá, uma actriz infinitos de gira e com um carregadíssimo british accent
quarta-feira, abril 23
Fight club
Eu: Onde vais?
Ela: À reunião do condomínioEu: Não há pachorra...
Ela: Olha se todos pensassem como tu (relambório, relambório, relambório). Temos obrigações comunitárias (pata-ti, pata-ti, pata-ta). Temos o nosso papel construtivo na sociedade (bla, bla, bla, bla). Ninguem te obriga a ir (lérias, lérias, lérias)
Eu: Mas já não houve uma na semana passada?
Ela: Sim!
Eu: Então para que é que há outra hoje?
Ela: Detectaram um rombo nas contas e agora vão pedir troco às três tipas da administração, que se arriscam seriamente a ser linchadas pelos inquilinos do 4º B, que fizeram panelinha com os do 6º A, os mesmos que foram corridos há três anos da gerência do prédio ainda não se sabe muito bem porquê e que, muito provavelmente, hoje vão meter a boca no trombone e o punho nas ventas das três tipas, que, por sua vez, não sabem explicar o que fizeram ao dinheiro, o que desde logo implica que alguem se responsabilize e meta a cabeça no cepo, porque há gente doidinha para lhes fazer a folha, situação que promete muita trolha e roupa suja, como as cuecas que foram encontrar no hall de entrada que se desconfia serem do vizinho que andava a pinocar uma administradora que lhe perdoou três meses de condomínio... Onde é que vais?
Eu: Buscar o casaco e cumprir o meu dever cívico
sexta-feira, abril 18
Agora escolha
Questionou-me a minha amiga Florença, em manifesta perturbação, sobre os méritos que recolocaram Silvio Berlusconi na governação em Itália. A indignação é pertinente mas não suscita explicações complexas. Para mim, e restante comunidade masculina que se gaba de algum bom gosto, a vitória de Silvio premeia um debate político que se sustenta no glamour. Ou, por outras palavras, em mulheres dotadas de méritos estéticos inquestionáveis. Ou, ainda por outras palavras, gajas boas, como sucede no caso de Mara Carfagna, uma antiga modelo, cuja foto mais badalada na internet me abstenho, por decoro, de postar. Ora, em Itália discute-se nestes dias se a pasta do Ministério da Família se enquadra no perfil de Mara. Estou convicto que sim. Uma pessoa que, apenas pelo sorriso, estimula padrões como amor, fidelidade e procriação é, sem dúvida, uma bandeira do que deve ser o paradigma do reforço dos laços familiares. Por cá, debate-se a crise de um partido em implosão e que clama pela Dama de Ferro. Sem desprimor à legítima questão levantada pela minha amiga Florença, acho que deve ser reconhecido inteiro mérito a Berlusconi. O caro leitor teria dúvidas entre escolher um rosto de olhar terno e sorriso contagiante (esquecendo a coxa robusta, que este é um espaço sério) ou uma existência de semblante sisudo, franja lacada, olheiras até às papilas gostativas e queixada com dois hemisférios?
quinta-feira, abril 17
O circo de Roma
A menina Perla Pavoncello é (ou era) uma iniciante investigadora, licenciada em Ciências, que está (ou estava) prestes a terminar o seu vínculo de 10 meses a uma fundação. E foi precisamente esta situação precária de avençada que a encorajou a inquirir directamente Silvio Berlusconi ainda nos preliminares para as eleições que acabam por ser ganhas, de forma esmagadora, pelo presidente do AC Milan. Nos Prós e Contras da RAI dedicado à corrida às urnas, Perla dirigiu-se desesperadamente ao candidato Silvio e perguntou-lhe que soluções sugeria aos mais jovens para encetarem uma vida independente. O magnata sorriu, ajeitou os implantes capilares e respondeu em jeito incisivo: "case com o meu filho ou com outro milionário!". Perla achou piada à graça de Silvio e até prometeu o seu voto no partido Povo da Liberdade. Toda a esquerda italiana, a grande derrotada no recente sufrágio, se insurgiu contra a insensibilidade de Silvio, que contra-atacou os difamadores com um lugar elegível para Perla no círculo de Roma. Alvíssaras à nova deputada!
terça-feira, abril 15
segunda-feira, abril 14
A massa(ja)dora
Vieram há dias falaram-me em pacotes lúdicos para namorados juntos e casados que promovem serviços que variam entre viagens de balão e massagens a quatro mãos. Quanto à primeira opção, admito que é devaneio para embarcar, mas só quando desbastarem significativamente a tabela de preços. Sobre a segunda hipótese, tenho memórias bolorentas bem mais pueris e com a mesmas capacidades de me arregaçar a pele. Nos meus tempos de ciclo tive uma colega que me proporcionava inadvertidamente uma paz zen. A Sandra era especial. Tinha problemas de socialização, era marrona e, por consequência, empenhava-se em arrecadar as melhores notas. Para inspirar as graçolas dos detractores, recorria a umas lentes graduadas e a uma prótese que lhe compensava a perda precoce do incisivo central direito. Fruto das tecnologias precárias da altura, a peça dentária teimava em desencaixar do oríficio e bastas vezes a Sandra tinha de chafurdar no prato da sopa para recuperar o dente de louça. A pequena anomalia bocal oferecia-lhe também um característico, e aprazível, assobio sempre que pronunciava os ésses. A juntar à suave brisa que lhe escapava da cavidade, a Sandra tinha também o hábito de engolir a saliva sempre que fechava um parágrafo na hora diária de leitura. Confesso que me contorcia em arrepios dérmicos que me levitavam as extremidades capilares. Na minha mocidade, muitas raparigas me acicataram a puberdade, mas a Sandra foi a única a arrebatar-me toda aquela zona cervical. Quer dizer... a única não, que depois apareceu na minha vida o sr. Bastos, o vizinho que passava as tardes de domingo a polir os vidros do carro com frascos de Ajax. Como podem atestar, são memórias que não ofendem, que também relaxam e não se inspiram em massagens orgíacas camufladas de serviços do amor
quarta-feira, abril 9
Casei com uma futeboleira
Ela: É o Manchester que está a jogar, não é?
Eu: É... é! (chiça... a cultura futebolística desta mulher)
Ela: E a outra equipa é a Roma, não é?
Eu: Sim... é! (fonix... a gaja é uma enciclopédia da bola)
Ela: O Ronaldo... está a jogar?
Eu: Não, está no banco! (eu vi logo que afinal não percebe nada disto)
Ela: Pois... o Ferguson quis poupá-lo das sarrafadas dos italianos!
Eu: Pois foi... pois foi (mas esta mulher anda a ver jogos às escondidas?!?)
terça-feira, abril 8
Barbearia
Depois de Leonel Vieira, Marta Leite de Castro enamorou-se por um chico argentino, também ele malparecido e de cocuruto desnudado. Não custa nada tentar...
quarta-feira, abril 2
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