Vivíamos numa época em que a nossa visibilidade na Europa era semelhante à projecção mediática dos 400 habitantes da Ilha do Corvo. Tínhamos a identidade açambarcada pelos espanhóis e até o Mário Soares teve dificuldades em assinar o tratado de adesão à CEE, porque o Felipe Gonzalez insistiu em rubricar os dois espaços em branco. Lena d'Água foi a propulsora do princípio do fim dessa agonizante indiferença. Nas tardes da RTP 2, logo a seguir às Misteriosas Cidades do Ouro, passava um género de MTV dos pobres, apresentado por um holandês que era doido pela nossa cantora pop. Não me recorda o nome do mestre de cerimónias, mas o programa chamava-se Music Box. Foi lá que nasceu o mega êxito Touch Me, da Samantha "Page 3 Boobs" Fox e também era lá que passava, pelo menos uma vez por semana, o clip Dou-te um Doce em Troca de um Beijo Salgado, com a participação especial do irmão goleador-benfiquista Rui. Tinha uma afeição especial pela Lena, derivados de a encontrar amiúde a adquirir víveres no extinto Pão de Açucar da Venda-Nova, às Portas de Benfica, mas o dito holandês cilindrava-me no afecto. Chegou a apresentar o programa desde Portugal, durante uma semana inteirinha. Óbvio que um dos dias foi dedicado em exclusivo à Lena, entrevistada no único espaço sumptuoso da altura, o hall de entrada do Hotel Le Meridien. É das ideias mais remotas que tenho dos conceitos pátria, ego insuflado e pele de galinha... e já agora, bigamia. Amava a Lena por amor a Portugal. Está de volta a sereia. Sempre, no Hot Club
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Sempre a achei um bocadinho embirrante mas tenho que concordar contigo que foi um marco na nossa cultura musical.
as coisas que tu te lembras...
de que tu te lembras, joaninha, de que
:)
chamava-se countdown, o programa ;)
Enviar um comentário