sexta-feira, junho 15

O axioma

Perfazem para lá de duas décadas sobre os meus tempos de menino e das saudosas tertúlias sobre a concepção e os seus rituais adjacentes. Amparado por um manual iniciante ao conhecimento do corpo humano, insistia junto dos comparsas que os ditos seriam fruto de semente depositada por um humanóide, de falo em rosca, numa botija almofadada na zona abdominal da humanóida. As pedagógicas gravuras da obra que me secundava o conhecimento careciam, porem, de fundamento para os que insistiam no teorema do cuspo. Na ideia deles, a origem da existência derivava dos beijos mais acalorados. Seria o suco das glândulas salivares, impregnado nas férteis papilas gostativas, a desencadear a complexa multiplicação celular, depois de devidamente deglutido pelas senhoras suas mães. Constatei de pronto que o referido axioma, assente em parâmetros delirantes, denunciava a incapacidade do colegiado em imaginar os progenitores a fazer aquilo. Ficam, até hoje, dois lamentos. O primeiro pela intransigência do pessoal em teimar com o fertilizante oral. O segundo, por nunca ter conhecido a cegonha que me trouxe de Paris

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