quarta-feira, junho 6

Porta de saída

Era a manhã a grelar. A vigília coxeava com o sono à perna. Nem o café duplo chegou para arrebitar uma face comprimida com as três horas de repouso. Mesmo assim, avancei, que outra coisa não se esperava. Estava por ali, a aguardar vez, quando ela me fitou as olheiras, que reforçavam uma palidez nauseada dos excessos de véspera. Olhou-me de novo, sem que me encontrasse o fito de volta. Conseguiu deter-me o rosto na sua fronte e tratou de verbalizar o ensejo que a movia:
- Montre moi vottre taille!
Os requisitos modestos no domínio do idioma, agravaram-me as dúvidas e só consegui ripostar isto:
- Pardon?!
Iniciou um manejo que saciava o que o olho nu não alcançava. Voltou a insistir:
- Je veux la voir!
Incrédulo com o desembaraço, perguntei de novo, só para me certificar:
- Ici?
Nem duas milésimas de segundo volvidas, saiu-lhe num sagaz imperativo:
- Maintenant!!
Solavancou-me para as suas proximidades e deteve-se no meu pertence:
- Cette boucle de ceinture...
Ah, isso, folgar a fivela? Anui e esperei pelo que dava...
- ... l'enléve des pantalons
De calças nas mãos, passei o cinto pela detector e ala para o avião de regresso

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