quarta-feira, maio 9

A minha outra Maria

Sou orgulhosamente do tempo do Jornal do Incrível, exposto discretamente nas traseiras dos quiosques, junto das fotonovelas Gina e Tânia, ou do jornal Êxito, que oferecia alternadamente manchetes da Sabrina Salerno e Samantha Fox, eternas rivais mamárias e frequentemente emparedadas nas oficinas de mecânica. Cansado de tanta nudez gratuita, preferia devorar da versão popular dos Contos do Imprevisto. A Victoria Principal, a Panela Ewing do Dallas, era notícia recorrente, pelos alegados hábitos médium e frequentes tertúlias com marcianos. Soube também de um homem que sobreviveu uma semana no estômago de um tigre e que voltou a ser bafejado pela luz do dia depois de enfiarem um bidon de óleo de rícino na goela do felino. Ou que o Sandokan era uma mulher com pêlos púbicos no queixo. Mas o que retenho com mais saudade são as histórias de um punhado de felizardos que viveram noites de amor com imagens de santas. Estatuetas que ganhavam vida para oferecerem o prazer da carne a aldeões de lugarejos impronunciáveis das Filipinas. Mas julgo que a líbido das virgens só corporizava para essas zonas tropicais mais reconditas. A Nossa Senhora de bolso, de um majestoso verde-mámore fluorescente e que adquiri numa excursão escolar a Fátima, nunca deu sinal de vida. Só chegou para me desenrascar uns Suficientes num ou dois anos lectivos. Mas sempre aprendi a rezar...

3 comentários:

Vivian disse...

Não abuses da sorte. Se hoje estás vivo é por causa dessa Santa ;)

Anónimo disse...

Ai uma Santa em verde fluorescente é LINDO!

Carla disse...

gosto particularmente da luminosidade que emana...