quinta-feira, julho 5

Conto luso

"O nosso herói ocultou-se entre a bancada dos legumes. Promovia-se a couve lombarda, na semana do cozido à portuguesa. O nosso herói fitava-a à distância, embevecido pelas ancas que teimavam em ondular pelo corredor das frutas. Tinha agora de indagar com urgência por outro abrigo. A sereia aproximava-se e ainda não arranjara pretexto para se denunciar à empatia da fêmea. Rápido... para a bancada dos lacticínios, camuflado pela gorda cinquentenária que fazia a prova do novo composto de soja. Não seria poiso para durar, que ela aproximava-se para carregar com a palete Mimosa Magro. Meia volta e ala para as traseiras da pilha de evaxes tanga, a um terço do preço de origem. Aaah... o nosso herói estava rendido à melena que deixava rasto frutado, mas urgia novo abrigo, que a dita voltava a encaminhar-se para as imediações. Por perto, só a bancada das águas. Manobra de risco do nosso herói, pelo pulo mal medido, que quase roçava no seio direito da apreciada, ligeiramente mais robusto que o esquerdo. Uma assimetria que também tentava o nosso herói. E agora?? Um corredor sem saída, rodeado de águas. Brusco refúgio para os produtos brancos. Solução efémera. Ela aproximava-se, em passada nobre, agachando-se de seguida na prateleira oposta para levantar um jerrican. Encurralado, o herói arrisca a investida cirúrgica e determinante: com que então água do Luso?!"
Há duas décadas, flirtava-se assim. Não viveram felizes para sempre, mas aguentaram-se uns 15 anos. Das mais peculiares histórias de engate que tive oportunidade de auscultar

Nota: junta em anexo mais um apanhado do tarado Caracolinhos Sardinha

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