quinta-feira, janeiro 31

Semana malukula

- Quinta-feira passada:
*** "Makukula vai para o Benfica" ***
Campeões! Campeões!

- Sexta-feira:
*** "Makukula só vem no final da época" ***
Pronto... para o ano é que é

- Sábado:
*** "Makukula afinal vem já" ***
Nunca menos de 50 golos!

- Domingo:
*** "Makukula não vem!" ***
Temos o Cardozo

- Antes de anteontem:
*** "Makukula já vem outra vez" ***
Vende-se o Cardozo!

- Anteontem:
*** "Makukula fica na Madeira" ***
Chega-nos uma perna do Mantorras

- Ontem:
*** "Makukula assinou pelo Benfica" ***
Já ca canta o Van Basten de Kinshasa

quarta-feira, janeiro 30

Ana Narcisa

Sob a eventualidade de ser delatado mais uma vez pelo olho cirúrgico do leitor-que-denuncia-os-meus-posts-ao-superior-hierárquico, arrisco corajosamente discorrer sobre as curtas (destaco, muito curtas!!) pausas na obstinada (saliento, obstinada!!!) labuta no meu feudo laboral. Ora nesses fugazes períodos (acentuo, fugazes!!!) são frequentes as improvisadas tertúlias sobre o raciocínio dedutivo de Descartes, o empirismo de Hume ou a fenomenologia espiritual de Hegel. Nos intervalos dessas pausas (coisa de segundos, para que fique bem claro ao linguarudo queixinhas), polvilha-se a permuta de argumentos filosóficos com o novo site da Ana Malhoa (não se precipitem que está ainda em fase de construção). Não obstante o estado embrionário do sítio, sempre podemos dele inferir algumas referências implícitas ao relativismo de Rorty, quando a artista Ana promete inspirar sempre as nossas fantasias mais exóticas. Ora, sempre é relativo, quando proliferam alternativas como Monica Belluci, Helena Christensen, Laetitia Casta ou Sophie Marceau. No mesmo espaço, a artista garante estar de regresso às lides (!?!) quer a gente goste ou não, sustentando-se, neste caso, no objectivismo de Nagel, quando, na verdade, está a esboçar encapotadamente uma nova corrente do pensamento narcísico-iluminista, que cega de tanto candear o amor próprio
...
(e pronto, não se apoquente atento leitor-delator, que já estou de regresso ao trabalho)

terça-feira, janeiro 29

Momento Kodak

Uma aturada busca nos meus empoeirados arquivos fotográficos resultou na frutuosa descoberta de um documento que serve perfeitamente para fazer pirraça aos sportinguistas. Insuflados por uma vitória mais fortuita que uma cautela premiada da Lotaria do Natal, esquecem-se os lagartixos que encaixaram derrotas tão ou mais vexatórias que a sofrida domingo pelo fêcêpê (também não tenho pena nenhuma). Passava o ano de 1997. Para ser mais preciso, vivíamos o dia 05 de Abril. Um plantel gerido pelo timoneiro Manel Zé, onde pontificavam guerreiros como Marinho, Luiz Gustavo, Ramirez, Walter Rodriguez ou Lúcio Wagner, vergou a soberba sportinguista com um golo solitário de João Pinto, um jogador que vem a arrastar-se pelos relvados desde os gloriosos tempos da Luz. Valdir, um dos maiores ícones da artilharia benfiquista e o decalque genético do nosso presidente, ficou, desgraçadamente, em branco. No entanto, a pecha ficou colmatada entre a hostes encarnadas com a expulsão de Pedro Croissant Barbosa, um praticante de feitio imaculado. Em suma, uma noite bem passada entre os jovens convivas. Hoje, mais de uma década depois, homens barrigudos e mulheres flácidas. Feitas as contas, só mesmo eu é que me aproveito

segunda-feira, janeiro 28

Adeus Becas

- Cice!!!
- Sim?...
- Onde está a Becas?
- Num sei!
- Não sabes? Onde puseste a cão??
- Num sei!
- Ai Cice... o que é que foste fazer??
- Num sei!
- Carregaste em algum lado?
- Aqui!
- Onde??? Onde??
- Aqui (donate a dog)!
...
(uma pessoa afeiçoa-se aos animais, dá-lhes água, comida, alinha em giros pela rua, recolhe as cacas, enfim... e agora sou atraiçoado pelo acesso de altruísmo da pequena!)

sexta-feira, janeiro 25

O paiol

Caros agentes da autoridade, particularmente brigadas de inactivação de engenhos explosivos; em virtude dos recentes, e preocupantes, relatos sobre malas abandonadas por todo o território nacional, dirijo-me-vos com preocupação e alarme. No hall de entrada da minha residência, junto à base do bengaleiro, estão despojadas duas malas, uma de nylon azul-marinho e outra em sarapilheira de tonalidade saca de batatas. Na divisão que serve de área de dormidas, parece-me também esquecida uma mochila em bombazina verde-azeitona. Um pouco mais à frente, definha uma outra em técnica de macramé, mas não menos perigosa. Se seguirmos pela assoalhada da minha filha, peço-vos cuidado redobrado para não tropeçarem na dezena de pequenas valises do Pooh, Kitty, Winx, Gata Borralheira e outras lindas princesas. Na sala, desconfio da Louis Vuitton com chancela da Feira de Carcavelos. Por se adivinhar um barril de pólvora, solicito aos caros agentes que me desamparem o espaço, sob o risco de, num futuro próximo, não conseguir caber neste armazém de assessórios terroristas

quarta-feira, janeiro 23

Meia informação

"Pedro Tamen foi galardoado com a primeira edição do prémio literário Inês de Castro", in Correio da Manhã.

Então e qual foi o outro, Pedro?

terça-feira, janeiro 22

Que juiza Tabbela

A criatura esparramada sobre o tampo verde aveludado de uma mesa de bilhar, como se pode atestar pelas bolas que se propagam na imagem, é pessoa de responsabilidades desportivas de projecção planetária. Michaela Tabb, que na mesma imagem parece atrair-nos para uma bisca, é árbitro internacional de snooker e acaba de ajuizar um torneio em Londres que premiou o vencedor com um cheque de valor superior a 200.000 euros. Ao longo de mais de duas horas e meia de aguerrida final, as tacadas dos dois compitas, dos quais não me recordam os nomes, eram intervaladas pelas acertadas intervenções de Michalea. Para gáudio das audiências, a juiza esfoliava as esferas de marfim com o encanto de uma fricção branda mas assertiva, devolvendo-lhes a imaculada centelha de um objecto sem atritos. Até este último domingo, o snooker dava-me sono

segunda-feira, janeiro 21

Sensibilidade vesicular

Ponto prévio: sou apartidário. Depositei apenas três vezes um boletim de voto nas urnas. A primeira, quando atingi a maioridade e para ajudar a eleger Edite Estrela à Câmara Municipal de Sintra. Borbulhava-me descontroladamente a testosterona e, em reconhecimento às decotadas saias da filóloga aquando dos ensinamentos televisivos sobre a língua pátria, ofereci-lhe a minha cruz. Somando os dois referendos ao aborto, fica concluído o meu contributo cívico. Tenho o âmago diluído em convicções mais à esquerda, mas teimo em desinteressar-me por toda a classe. Identifico o mesmo móbil de procedimentos para quem se diz dextro, meio-termo ou canhoto de ideiais políticos. Como insiste a vox populi, são todos da mesma lavra. Serve o (já) extenso preâmbulo para deixar o meu repúdio biliar ao aproveitamento político da morte de uma criança de dois meses na Anadia, associando-a ao encerramento de um serviço de urgências. Com uma objectividade assombrosa, o pai do bebé louvou a celeridade e o cuidado do INEM e até admitiu que o filho já pudesse estar morto ainda antes do pedido de socorro. Mas não. A facção oposicionista aprontou-se a associar a morte ao encerramento das urgências, capitalizando a indignação popular para aviar nova traulitada ao governo socialista. Sócrates reagiu e chamou-lhe "politiquice, demagogia e maledicência". Foi (muito) meigo. A mim bastar-me-ia chamar-lhe inadjectivável, tanto quanto a dolorosa tragédia de perder um filho. Sugiro que todos os partidos da oposição reclamem o direito potestativo para agendar compulsivamente uma audiência parlamentar com o ministro da saúde e vergasta-lo publicamente pela sua incapacidade do divino milagre

sexta-feira, janeiro 18

Café de sala

Um cafezinho... Vá, dois. Bem... cinco cafezinhos! Reformulando. Toda a produção da Delta, Nicola e Sical liquefeita numa gigantesca tina para arrebitar a equipa e brindar à contratação do novo reforço do Glorioso, Sepsi (?!?!). Para quem, como eu, desconhece o atleta do Gloria Bistrita (atenção ao bom vaticínio do emblema romeno) e franze o sobrolho às precipitadas comparações com o Maldini (?!?!?!), pode consultar o Dicionário da Lingua Portuguesa. Ora, por aproximação ao nome original, o manual dita o seguinte sobre Sepsia: invasão de um organismo por microrganismos; corrupção ou putrefacção de tecidos ou substâncias orgânicas. Se desmontarmos a metáfora de mau agouro, adivinha-se um futuro terror para as equipas adversárias. É que ninguem lhe toca!
...
Nota de fundo: parece que afinal já não vem o Makukula, um Van Basten de tez mais escura. Falou-se também no Dica, o Gullit da Roménia, e no regresso do Tiago, um típico Rijkaard a arrastar-se por Turim. Para desespero de Arrigo Sacchi... perdão, Zé António, falta o carcanhol para satisfazer esta orgia de referências. E uma coisa é o monopólio dos media num país inteirinho, outra são os proveitos da venda de pneus. Oh Sala, sai mais um café, fazes o favor
Nota para os fundos: Desinteressado leitor-que-denuncia-os-meus-posts-ao-superior-hierárquico. Como pode atestar, hoje sai assim uma coisa levezinha, que não ofende nem metaforiza indiscriminadamente. Peço é desculpa por ter abordado temática que, provavelmente, o caro delator... perdão, leitor, percebe pouco ou quase nada. Mas pronto, sempre tem o António Sala, frequência assídua nos transistors lá das bandas hertzianas das suas origens modeladas

quarta-feira, janeiro 16

Queixinhas!

Para a criatura songamonga que contribuiu para o pulo significativo nas visitas a este blog. Não é um gesto bonito, mas é o que me ocorre para presentear a existência delatora. E como se aproxima o Carnaval, sempre pode dar vazão à folia e saciar o esfincter com o médio em riste anexado
PS: afinal, sempre há carapuças que sirvam na eminente fronte do Daniel Sampaio

segunda-feira, janeiro 14

Chavez do coração

Goza, com apurado acerto, de George W. Bush. Goza com o eleitorado venezuelano depois de ser gozado no referendo de ensejo absolutista. Goza com o governo colombiano. Goza de rara influência junto dos rebeldes das FARC. Goza com a escalada do preço do barril de petróleo. Goza da reverência de Sócrates. Mas agora, só pode estar a gozar comigo!!!

sexta-feira, janeiro 11

Rabo da fornalha

As notícias dizem: O filme "Call girl" atingiu a fasquia dos cem mil espectadores ao fim de onze dias de exibição nas salas portuguesas
Eu digo: Já não há cu para a Soraia (ou então é do gancho das calças)

quarta-feira, janeiro 9

A cura

Despertei com o terror do mal que se entranhava pelo corpo. Já não era apenas metade de mim que definhava com a dor. Os olhos raiavam em sangue, num desconforto que se liquidificava em lágrimas incontidas. Escorria-me na face o desconsolo turvo de uma visão do mundo que se distorcida. Saí para me aliviar. Calcorreei em ritmo desalmado para o ponto de abrigo. Na primeira paragem, indicaram-me o rumo pelo corredor asséptico, que desembocava num assento, onde só me restava esperar. Minutos volvidos, chamou o meu nome pela porta entreaberta e convidou-me a entrar. Olhou-me no rosto e pediu que me sentasse ao seu lado. Aproximou-se. Fitou-me mais de perto. Com a mão quente, encaminhou-me para a luz que quase me fulminava de ardor. Voltou a fixar-me. O seu semblante endurecia nas pálpebras encurvadas em crescente desassossego. Aguardava, também inquieto, pelo que vinha. Apagou a luz, inspirou e sussurrou de sua justiça: "temos de tratar esses lindos olhos verdes". Uma conjuntivite aguda. Três gotas de três em três horas. Viva o Hospital da Luz!!

segunda-feira, janeiro 7

Love Postcard

Defendo que todos os grupos musicais deviam ser liderados por mulheres extremamente belas, que cantassem de forma extremamente lânguida letras extremamente lascivas. Defendo que todos os grupos musicais deviam atrever-se a plagiar o melhor exemplo de sucesso na conjugação desses três factores: os Texas. Sharleen Spiteri extravasa o conceito de beleza e tem todo o direito de se aborrecer com o leviano que se limitar a aborda-la como bonita. Meu caro irreflectido, onde quer que se encontre, aceite o ensinamento que lhe transmito: a Sharleen é uma lindeza de formosa excelência, capaz de reduzir a poeira de insignificância juízos tão taxativos como beldade ou mesmo perfeição (em anexo traz também um scottish accent que arrepia). Admito que a Sharleen tenha começado mal, pois I Don't Want a Lover (I Just Need a Friend) não é propriamente convidativo a uma noite de amor. Lá reconsiderou e passou a deixar-nos mais à vontade com os nossos impulsos, cantando-nos Say What You Want (ficará depois ao critério de cada um). Cada vez mais envolvida com os ouvintes, Sharleen desnuda-se de preconceitos e, antes de fazer amor com o sol que a alumia, em Summer Son, admite que está So In Love With You, convidando a Put Your Arms Around Me nos momentos em que When We Are Together. Quando o CD fica uns dias esquecido, Sharleen vocifera que está Tired of Being Alone (coisa fofa), ao ponto de ficar Insane. Refeitas as pazes, dá-nos um Good Advice para ficar Alone With You. Anseia envolver-se ao extremo do estado Breathless e, para isso, conduz-nos até a um Dream Hotel. Esgotada, faz depois um Big Sleep para retemperar energias. De manhã, volta a baralhar-se com dúvidas e pergunta Why Believe In You, ao que respondemos carinhosamente que só nos resta One Choice: ficarmos Fool For Love, Day After Day. Então aí sim, Sharleen desarma-se definitivamente e oferece-nos um Place In My World (suspiro)

sexta-feira, janeiro 4

Alta fidelidade

Na maturidade dos seus três anos e oito meses, que fazem toda a diferença, a minha filha foi prendada no finado Natal com uma Nintendo, na qual está incorporado um manual virtual de educação canídea. A Becas, a pet eleita pela Cice, senta, deita e rebola, entre uma diversificada panóplia de manifestações de disciplinado cumprimento dos mandamentos. Uma consola de azul platinado lança as sementes para a definição de hierarquias, moldando o caminho da minha criança ao futuro exercício de funções de gestão numa grande multinacional. Agora ou isto muda radicalmente, ou a minha filha não terá muitas Becas para exercitar a voz de comando. É que é raríssimo descobrirmos gente tão canina

quarta-feira, janeiro 2

O fel cruel de Daniel

Daniel Sampaio decidiu verborrear sobre uma das classes mais expostas e, por consequência, desfavorecidas, as dos chefes. O irmão do patrono dos tuberculosos troça dos superiores hierárquicos e debita uma série de inverdades. Pior que as considerações caluniosas, são as generalidades em que o psiquiatra se refugia, tentando, sem sucesso, camuflar o claro objectivo da sua crónica de 23 de Dezembro, na Pública: escarnecer dos superiores. Entre a sucessão de patacoadas na referida dissertação, destaco alguns excertos que atentam declaradamente ao bom nome e brio de quem nos conduz. Escreve o Daniel que os chefes (cá está, generalizando, como quem assobia descomprometidamente enquanto acciona um dispositivo de pólvora) "aguardam a reverência de todos". Para promoverem a alegada veneração "rodeiam-se de gente submissa que, para os servir, decretou para si mesma o silêncio e o elogio fácil ao chefe". Não satisfeito, insiste que os obedientes "podem ser sobrecarregados com trabalho e críticas ferozes que jamais abrirão a boca contra quem manda". Neste cruel, e cobarde, escárnio à liderança, esbatido, insisto, em conceitos diluídos na terceira pessoa, Daniel continua a esgravatar no garbo das chefias: "quando não são servidos como desejam, ou quando alguém ousa uma crítica, respondem com agressividade, como se estivessem a ser atacados". Permita-me emenda-lo, Daniel: os chefes não replicam com ferocidade, apenas rectificam com firmeza. Para o final da crónica, a mais bárbara das zombarias: "podem mandar, mas não serão amados, apenas tolerados, mais tarde ou mais cedo cairão do pedestal que construíram para si próprios". Meu estimado Daniel, cruel subordinado, sempre ouvi que "as ordens não se contestam, cumprem-se!!". Desafio-o, caro Daniel, a desmontar agora o indestrutível imperativo