quarta-feira, janeiro 9
A cura
Despertei com o terror do mal que se entranhava pelo corpo. Já não era apenas metade de mim que definhava com a dor. Os olhos raiavam em sangue, num desconforto que se liquidificava em lágrimas incontidas. Escorria-me na face o desconsolo turvo de uma visão do mundo que se distorcida. Saí para me aliviar. Calcorreei em ritmo desalmado para o ponto de abrigo. Na primeira paragem, indicaram-me o rumo pelo corredor asséptico, que desembocava num assento, onde só me restava esperar. Minutos volvidos, chamou o meu nome pela porta entreaberta e convidou-me a entrar. Olhou-me no rosto e pediu que me sentasse ao seu lado. Aproximou-se. Fitou-me mais de perto. Com a mão quente, encaminhou-me para a luz que quase me fulminava de ardor. Voltou a fixar-me. O seu semblante endurecia nas pálpebras encurvadas em crescente desassossego. Aguardava, também inquieto, pelo que vinha. Apagou a luz, inspirou e sussurrou de sua justiça: "temos de tratar esses lindos olhos verdes". Uma conjuntivite aguda. Três gotas de três em três horas. Viva o Hospital da Luz!!
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4 comentários:
És muita vaidoso, pá.
Quase ceguinho mas vaidoso.
TL
e eu a pensar que te transformavas em vampiro :)
lol! os homens derretem-se logo com um elogiozito eheheheh. Mas ok, deve ser completamente diferente das carrancas que verias nas urgências se S. José (eu que o diga, livra)
"ela" disse isso textualmente?...
Temos de tratar esses lindos olhos verdes?
Isto para mim é assédio!:)...e ao menos conseguiste vislumbrá-la por entre as brumas das conjuntivite?
:)
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