terça-feira, fevereiro 12

A revolta do pastel de nata

Cara Carmen... desculpar-me-ás a cacofonia, mas introduzo-me (isto também não fica nada bem) com a estima que mereces. Não te recordarás de mim com igual intensidade. Pelo menos com os mesmos pedaços que guardo de ti, junto dos aromas que me cravaste na memória. Lembro-me de quão bem formada eras. De peitos copiosos, que pareciam insuflar quando trazias a blusa vermelha estampada de bolinhas brancas, como pequenos flocos de neve prestes a liquefazer-se sobre o calor da tua pele. E das justas calças de ganga que relevavam as roliças formas das nádegas que aquentavam o assento de pinho da cadeira de trás da sala de aula. Falávamos pouco. Mesmo quande te sentaste junto a mim no Planetário. Temias que Júpiter se arrochasse na tua cabeça e seguraste-me pela primeira vez o braço. Logo depois, ferraste-me as unhas envernizadas quando o brado do trovejo nos estilhaçou os tímpanos. À saída, pediste-me desculpa pelo hematoma no antebraço e correste para os pastéis de nata antes que o autocarro nos levasse de volta. Chegaste esbaforida, sugando a massa que restava nos intervalos dos dentes. Ficaste de novo a meu lado. Comecaste a ruborescer. Confessaste, em surdina, que sentias um nó na barriga. Voltaste a ofegar. A voz saía-te aos tropeços. Balbuciavas palavras indefinidas por entre os lábios carnudos. Dilataste as bochechas e vomitas-me o pastel carcomido, já com a fragrância biliar

2 comentários:

Avelã disse...

e consegues cum uma historinha destas colocar-lhe um quêzinho de romance. brilhante!

FlashBlade disse...

O que um tipo está disposot a aturar a uma gaja com mamas grandes...

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