quarta-feira, agosto 27
Manuel de vida
Quem anda perdido procura referências. Imaginem um desvio acidental ao traçado que delinearam e que caminham sem rumo conhecido. Querem ir, por exemplo, para Vilar de Izeu, lá para Trás-os-Montes e, sem esperar, estão a escancarar-se com a indicação para Alvoco das Várzeas, em Oliveira do Hospital. Nesse momento de impasse, têm uma solução: aceder ao Guia Michellin. Em alternativa, se quiserem ser um pouco mais metafóricos e trocar as localidades por dois sentidos de vida, podem recorrer aos ensinamentos de Francesco Alberoni. Este sociólogo é o samaritano que, à beira da estrada, nos indica o melhor traçado para embicar à estrada do nosso destino. O pensador italiano é uma versão mais branda de Desmond Morris. Suaviza tratados de vida em literatura ligeira para encalhadas, imortalizando paradigmas como "o amor para durar, tem de ser também confiança e estima; isto é, deve adquirir algumas propriedades da amizade" (pausa para assimilação de tão sapiente dizer). Para Alberoni faz também todo o sentido que tenhamos dois, ou até mais, destinos (gajas) nas caminhadas (noitadas) que empreendemos, pois "uma vida longa e intensa dificilmente se pode caracterizar por um único amor" (inspirar profundamente para decalcar no peito a erudita reflexão). Tenho um amigo que anda fragilizado de amores e que me aconselhou uma "magnífica obra" do "conceituado antropólogo". Por especial favor, darei uma espreitadela, mas só depois de ler alguma coisa do Paulo Coelho. É que tenho de reunir fortes argumentos para degladiar conceitos de vida com o pinga-amor do meu amigo
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