Há mulheres feias. Tão feias que carregam o estigma ao longo de uma vida de quase retiro. Cansam-se das piadas e dos esgares agoniados de terceiros. Encerram-se nos quartos e desidratam em lágrimas, responsabilizando o espelho pelos fracos atributos, tal qual há anos atrás se degolavam os mensageiros das más novas. Há mulheres cuja fealdade está tão entranhada na carne que não existe tecnologia plástica sofisticada que faça milagres. Mas também há outras que convivem bem com a ideia do não-te-safas-com-essa-cara-de-estafermo. Capacidades invejáveis em outras áreas quase as transformam em top models. Mulheres que atraem por argumentos vísceros de um interior cheio de talentos. A Zezinha Morgado é feia pra cacete, mulher-sardinha com sapatos ortopédicos, mas o material daquele bibelot não quebra. Cresce para os poderosos e agora promete acabar com as bufas fedorentas do futebol português. A Felisbela é um nadinha mais jeitosa, mas tem cara-de-ter-acabado-de-acordar qualquer que seja a hora do dia. Aquilo dá-lhe alguns problemas de mobilidade, sobretudo quando tropeça nas intermináveis olheiras. Mas seduz-me a ligeireza na detecção dos erros e incoerências de uma comunicação social agrilhoada à sufocante corrida dos exemplares comercializados. Enfim, em época de Natal, são duas fadas que não vamos encontrar nas prateleiras dos hipermercados, mas desconfio que também não queiram estar à venda
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3 comentários:
Há sempre uma tampa para cada panela ;
A Felisbela foi minha profe lá por terras do Minho. Dela lembro-me de andar sempre de saias, ter uns sapatos à pajem e de não ser nada a muitas simpatias... Ah! E do ar de desprezo com que me disse: "Logo vi", quando escolhi falar do Fernando Couto na oral...
coxi, só tu para mestrar sobre o nando cabeludo
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