Volto às curiosas deambulações por este inesgotável espaço lúdico de trabalho. De uma penada, arranja-se um vasto leque de personagens curiosas, que me enriquecem a vida. Encho-me de orgulho por ser brindado com funções que proporcionam um salário mensal e nutrientes sociais de indispensáveis mais-valias. Hoje recordo o Heitor, nome fictício de uma personagem que se identificava pelo aspecto franzino, cabelo heavy metal e parque automóvel heterogéneo. Para o dia-a-dia, recorria ao AX branco, que também servia de guarida ao simpático rafeiro que o acompanhava. Escrupuloso cumpridor de horários, saltava da cama direitinho ao emprego, juntamente com a pochete da espuma e lâmina de barbear. Chegava ao edifício ainda a tempo da higiene íntima na casa de banho pública. Não era muito falador. Preferia o sossego para aparar as pontas espigadas da melena. Nas noites de movida, metia-se no Lótus vermelho para angariar candidatas que lhe alimentassem a ocupação artística. O Heitor, já retirado das lides desta casa, continua hoje a ser considerado uma adiada promessa na arte de fotografar. Neste caso, fotografar mulheres nuas, com especial incidência na simulação de práticas bondage. Não sendo particularmente dotado pelo Criador na fisionomia, a verdade é que o Heitor rodeava-se por verdadeiras estampas, que se desnudavam a troco de uma voltinha no descapotável. Eu escolhi as telas, mas sem Lótus não fui a lado nenhum
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