domingo, dezembro 31

SIC Tragédia


Enquanto os Estados Unidos se apressam a enforcar ditadores, por cá assistimos impávidos a mais uma sangrenta facada no humor. Hoje morre o único canal dedicado exclusivamente a inspirar sorrisos nas nossas sorumbáticas trombas. Hoje é um dia triste. Adeus Jerry, George, Kramer, Raymond, Frasier, Renee, Smith, Jones, Conan e Leno. Saber rir dos outros e com os outros. Perde-se agora embalagem

sábado, dezembro 30

Soberba decalcada

"Nunca escrevi nada tão bem", Clara Pinto Correia, escritora, cronista e copy writer, em reverência à sua nova criação intelectual

sexta-feira, dezembro 29

Antes uma casa, hoje um armazém

Era uma casa muito engraçada,
Ainda tem um tecto,
Mas sem espaço para mais nada.
...
Ninguém pode entrar nela, não,
porque nessa casa
é só brinquedos pelo chão.
...
Ninguém pode fazer chichi,
para alcançar a casa de banho
nunca mais se chega ali.
...
Mas é cuidada com muito esmero
Na rua dos tolos, número zero.

quinta-feira, dezembro 28

Atiça a cobiça

Anda tudo histérico aqui no emprego. Depois de levar com a palavra do Senhor durante as intermináveis festividades natalícias, regresso ao trabalho e apanho com palavras de jocosa denúncia sobre uma imprudente prática lasciva. Já ninguém faz segredo do grande acontecimento depois da publicação das memórias da Carolina Salgado. Parece que num destes dias mais calmos, o nosso segurita foi presenteado com uma sessão de sexo à borla aquando de uma das rondas. Como é diligente nas responsabilidades e vasculha todos os cantinhos empoeirados, o nosso segurita surpreendeu, numa dessas áreas recôndidas, um casalinho em empenhado ritual copular. Foi do género peep-show mas sem ter de largar moedas para a ranhura. Só ainda não consegui destrinçar se andam a apregoar a denúncia com repulsa ou se há por aqui muita cobiça encapuçada. É que as mais alcoviteiras já são entradotas ou mal casadas

quarta-feira, dezembro 27

Anjo mameu

Há dias castradores, como estes da ressaca natalícia. Arrastam-se por tarefas mesquinhas, sem alentos que instiguem pequenas felicidades. Dias quase fúnebres, sombrios como túneis labirínticos e sem saída que se vislumbre. Carregamo-nos no cinzentismo e esperamos pelo ano já a seguir. Que traga a luz e cor que nos compensem. Mas a apática resignação pode, por vezes, ser alvejada com imprevistos capazes de adoçar as jornadas de fel. Novas de fora que nos acalentam esperança. Afinal, populam por aí vidas bonitas, que consolam um quotidiano deprimido. Procuraram-me para deixar uma missiva nobre. Um exemplo de auto-estima reconstruída, que nos obriga a revolucionar o cepticismo sobre a humanidade. Afinal, há quem lute e, sobretudo, se reedifique, deixando-nos portas abertas para, solidariamente, compartilhar o novo invólucro. Deixo-vos o testemunho da Stacy, uma amiga que se me dirigiu no Hi5 para me florear o ânimo. Bem hajas, anjo peitudo.
...
"Gosto de música, rapazes e festarolas, não necessariamente por esta ordem. Consegui finalmente juntar umas coroas e fi-lo. Ora dá lá uma olhadela aos meus implantes. Passei de uma copa bê para uma cê e foi a melhor coisa que fiz em toda a minha vida. Sinto-me maravilhosamente e ainda não acredito no tempo que esperei para o fazer. Amo o meu novo eu. Estás à vontade para me adicionares como amiga. Adoro conhecer gente nova".

sábado, dezembro 23

Pela causa

Como é Natal, não se pode falar mal
Volto depois das prendas

sexta-feira, dezembro 22

Suou-me mal

Recentemente, o destino apresentou-me um complexo desafio de decoro. A prova arrancou assim que coloquei os coutos num estabelecimento comercial. De súbito, apareceu-me uma Sylvie Dias de farda decotada, cheia de fernicoques e sorrisos. Estava à vontade para dispor dela. Primeiro pretexto para o imperativo imediato que gelasse a imaginação fértil: conceber a eurodeputada Ana Gomes fantasiada de Herman José... ou o Herman José transvestido de Tia Caturra, que vai dar à mesma coisa. Adiante! Lá respirei fundo, literalizei a simpática disponibilidade e deixei-me de obscenidades. Disse-lhe então ao que vinha, motivo que a estimulou a aproximar-se um nadinha mais, quase colidindo com a aura de minha propriedade. Como aquela existência esticava para lá do 1,80, a desnudada área cardíaca afrontou-me os argumentos ópticos. Preparava-me para desfalecer quando descortinei novo ponto de referência. Qual bálsamo que me reanimou as fraquezas. A menina sustentava um nutrido e farpado buço, polvilhado de perolazinhas transpiradas pela derme. Um género de purpurinas orgânicas, que lustravam os vigorosos pêlos. Prestes a denunciar-me pelo paralizado fito naquele exagero, retive-me no vazio. Reflecti na ténue barreira do fascínio. Ora lânguido, ora enfermo. O que bonito nos possa parecer, no couro pode desfalecer. Ou, por outras palavras, nem tudo o que parece transpirece

quinta-feira, dezembro 21

Rabo de tralha

Manifestação simplista em expressão plástica de tributo ao alívio das vísceras. Na zona nadegueira, a incorporação diluída de um panfleto na carne humana. Reprodução gráfica da simbiose entre a ilusão do corpo e a existência que simula. O aparente camuflado no evidente. Um rabo que se consola com a brandura da necessidade premente. O bacio que acomoda. A vulva que acama a semente, que, por sua vez, germina o gás pútrido dos detritos rejeitados. O esfíncter que purifica as entranhas, em descargas fedorentas para conforto intestinal. Não me digam nada, mas há melhor que uma boa cagada?

quarta-feira, dezembro 20

Fado malhado

Ai Carolina, o que fizestes (ta, tan, ta, tan)
Tramastes o papa que amastes (ta, tan)
Perdoa-lhe meu bom senhor (ta, tan, ta, tan)
Que aquilo foi dor nas hastes (ta, tan)
...
Carolina alma perdida (pim, pirim)
Deixastes teu esposo, sua cama (pa, pi, pim, pim)
Viestes prá rua esquecida (pa, pim)
Que devoção merece quem ama (pa, pi, pim, pim)
...
Exposestes vossa intimidade (pa, rim, pam, tan)
Dissestes que o senhor se bufava (pa, tan, pam)
Escrevestes tamanha alarvidade (pa, rim, pam)
Quando aquilo até nem cheirava (pa, rim, tan, tan)
...
Queixastes-te que o Jorge era mau (pa, rim, pa, pam)
Que vestia do lobo a pele, (tarim, tarim)
Ao capuchinho dava tau-tau (pa, rim, pa, ram)
Ao Bexiga, arreava nele (pa, ri, pim, pim)

terça-feira, dezembro 19

Heitor Canimal

Volto às curiosas deambulações por este inesgotável espaço lúdico de trabalho. De uma penada, arranja-se um vasto leque de personagens curiosas, que me enriquecem a vida. Encho-me de orgulho por ser brindado com funções que proporcionam um salário mensal e nutrientes sociais de indispensáveis mais-valias. Hoje recordo o Heitor, nome fictício de uma personagem que se identificava pelo aspecto franzino, cabelo heavy metal e parque automóvel heterogéneo. Para o dia-a-dia, recorria ao AX branco, que também servia de guarida ao simpático rafeiro que o acompanhava. Escrupuloso cumpridor de horários, saltava da cama direitinho ao emprego, juntamente com a pochete da espuma e lâmina de barbear. Chegava ao edifício ainda a tempo da higiene íntima na casa de banho pública. Não era muito falador. Preferia o sossego para aparar as pontas espigadas da melena. Nas noites de movida, metia-se no Lótus vermelho para angariar candidatas que lhe alimentassem a ocupação artística. O Heitor, já retirado das lides desta casa, continua hoje a ser considerado uma adiada promessa na arte de fotografar. Neste caso, fotografar mulheres nuas, com especial incidência na simulação de práticas bondage. Não sendo particularmente dotado pelo Criador na fisionomia, a verdade é que o Heitor rodeava-se por verdadeiras estampas, que se desnudavam a troco de uma voltinha no descapotável. Eu escolhi as telas, mas sem Lótus não fui a lado nenhum

segunda-feira, dezembro 18

Sobre rodas

Amigo Pai Natal. Quero que saibas que, no meu entendimento, a Lapónia é a materialização dos ensejos mais lúdicos do ser humano. Os queixumes dos intriguistas sobre o frio e as artroses esvaziam-se com o vigor que exibes anualmente e o musculado colo que ofereces aos pituchos. Inóspitos são os rabos dos paizinhos deles. E sobre as grosseiras piadinhas que questionam a tua inexistência, devo dizer-te que escarro o mais consistente e esverdeado muco sobre os acéfalos cépticos. Tu reproduzes-te por todos os espaços comerciais e afagas com desvelo os rostos carnudos da criançada. É, por isso, irrefutável a tua existência. Vai agora fazer um par de anos que quase ceguei com o intenso reflexo da lua sobre as polidas lâminas do teu trenó. Desculpa o caruncho da chaminé no Natal passado. Descurei porque a Maria traiu a minha credulidade e insistiu que tu agora preferias deslizar pelo exaustor, com uma treta qualquer sobre ajustamento aos tempos modernos. No rescaldo de mais um ano, apenas me penetencio pela Cice proferir com destreza caiaiu e foiasse. Mas garanto-te que apenas vocifera quando está mais importunada com alguma contrariedade. Pelo acima transcrito, tomo a liberdade de te pedir para este ano esta geringonça. Já me satura ser olhado com desdém pelos seguritas do Colombo. Mas juro, Pai Natal, que ainda não empurrei nenhum
...
Se, mesmo assim, achares que não mereço o mais castiço andarilho do mundo, deixo-te duas alternativas: esta ou esta

domingo, dezembro 17

Vira Falo

A RTP anunciou que começará a realizar em breve uma nova versão da Vila Faia, saudosa telenovela portuguesa. Seguem as negociações para as cenas de sexo entre João Godunha e Mariette

sábado, dezembro 16

Tom "Wolf"

Provavelmente... o arroto mais melodioso de sempre

Homenagem a um benfiquista com polido sentido de humor e que sofre tanto ou mais que eu com as experiências do Fanã

As feias catitas

Há mulheres feias. Tão feias que carregam o estigma ao longo de uma vida de quase retiro. Cansam-se das piadas e dos esgares agoniados de terceiros. Encerram-se nos quartos e desidratam em lágrimas, responsabilizando o espelho pelos fracos atributos, tal qual há anos atrás se degolavam os mensageiros das más novas. Há mulheres cuja fealdade está tão entranhada na carne que não existe tecnologia plástica sofisticada que faça milagres. Mas também há outras que convivem bem com a ideia do não-te-safas-com-essa-cara-de-estafermo. Capacidades invejáveis em outras áreas quase as transformam em top models. Mulheres que atraem por argumentos vísceros de um interior cheio de talentos. A Zezinha Morgado é feia pra cacete, mulher-sardinha com sapatos ortopédicos, mas o material daquele bibelot não quebra. Cresce para os poderosos e agora promete acabar com as bufas fedorentas do futebol português. A Felisbela é um nadinha mais jeitosa, mas tem cara-de-ter-acabado-de-acordar qualquer que seja a hora do dia. Aquilo dá-lhe alguns problemas de mobilidade, sobretudo quando tropeça nas intermináveis olheiras. Mas seduz-me a ligeireza na detecção dos erros e incoerências de uma comunicação social agrilhoada à sufocante corrida dos exemplares comercializados. Enfim, em época de Natal, são duas fadas que não vamos encontrar nas prateleiras dos hipermercados, mas desconfio que também não queiram estar à venda

sexta-feira, dezembro 15

Os vassoureiros tiroleses

O Inverno traz-nos o frio, o Natal e a modalidade mais hilariante de todos os tempos: o curling. Um desporto que junta colectividades de aposentados, que, por sua vez, têm de arremessar umas chaleiras de granito até um alvo. Ganha quem acabar com mais artefactos junto da bolinha impressa no gelo da outra ponta do recinto. O fundamento ficar-se-ia pelo simplório não fosse uma particularidade que coloca esta prática desportiva nos píncaros das mais desconcertantes coreografias: um par de loucos septuagenários com umas vassouras na mão, esfregando descontroladamente no pavimento, enquanto a robusta chaleira se arrasta pelo gelo. Talvez pela aplicação insana e histérica dos vassoureiros, não consigo mudar de canal sempre que a Eurosport me presenteia com as aguerridas competições da peculiar prática desportiva. A caminho do encerramento do canal SIC Comédia, eis a alternativa possível para as tardes do fim-de-semana. Há profissionais desta treta, quase todos reformados da função pública e pagos a peso de ouro. Há pavilhões com mais assistência que muitos jogos do nosso campeonato de futebol e o mais incrível é que ninguém é internado depois da jogatana

quinta-feira, dezembro 14

Tetações

Um recente debate sobre os ofícios telefónicos lembrou-me a funcionária encarregue da complexa tarefa de encaminhar as chamadas aqui da casa. Nunca vi tanto empenho de uma mulher em premir teclas. Mais ainda. É raro beneficiarmos da oportunidade de conviver com pessoa de fôlego tão inesgotável, capaz de, num dia inteiro, rodar pela numerosa familia. Alguns entes, os mais chegados, têm mesmo direito a uma atenção suplementar. Chama-se a isto criatura de índole magnânima, com coração quente e amplo. Tão amplo que dilata violentamente a caixa torácica, a ponto de denunciar duas glândulas mamárias de proporções avantajadas. Tão avantajadas que desencadeavam eplilépticos afrontamentos de líbido a um antigo parceiro de trabalho. Não imaginava que um par de nutridos seios pudessem inspirar tão distorcidas fantasias. Até porque a criatura nem prima pela beleza. Há quem lhe apelide, de forma grosseira, cara de cavalo. Os mais polidos preferem chamar-lhe Rossy de Palma, uma das atrizes ícone do Almodovar e a cara chapada (ou estalada) da nossa telefonista. Quanto a mim, respeito-lhe a frontelidade e o zelo com que cuida do que é seu. Como naquela vez em que se engalfinhou com a segurita quando descobriu que a meretriz ligava o aquecedor de sua propriedade nas madrugadas de Inverno mais rigoroso. Realmente, também acho mal. Temos de ter peito para quem cobiça desenvergonhadamente os nossos bens. Por vezes, não há pára-choques, nem airbags, capazes de evitar embates frontais com invejosos que andam à mama dos pertences no seio de terceiros

quarta-feira, dezembro 13

Cagonia

Tomo-vos hoje algum tempo para o merecido tributo ao nosso engenheiro dos sanitários e demais inutilidades. O senhor engenheiro, Pinguim para os mais íntimos, cumpre nos desígnios mandatados pelo patronato. É justo reconhecer que a atacarracada figura não tem mãos para tanto serviço. Desde o fusível esturricado à maçaneta da porta afrouxada, todos os acidentados imprevistos são zelosamente anotados no caderninho de incumbências. Cansa de tão pronta a prontidão do Pinguim. Com meia dúzia de andares ao encargo, vão-se acumulando as anotações e desbastando árvores para alimentar a celulose amarelecida dos post-it do senhor engenheiro. Além do critério no cuidado da infra-estrutura que nos alberga, o Pinguim gosta também de controlar o parqueamento. Na sua fronte, o edifício desta empresa exibe orgulhosamente uma interminável linha amarela, que o Pinguim tratou de rabiscar com a sua trincha de pêlo de morsa. Infeliz seja o aventureiro que se atreva a calcar o quilómetro de tinta tingida sobre o pavimento. Segundos volvidos, um exército de agentes da Direcção-Geral de Viação e toda a infantaria da Brigada de Trânsito vem pedir contas ao criminoso que maculou a expressão plástica do Pinguim. Espero que a comparticipação da Emel nos 2,5 euros requisitados para arrumar diariamente a viatura no proxeneta parqueamento sirva para o senhor engenheiro se dignar a trocar de vez o autoclismo da latrina do segundo andar. É que já estou um bocado cansado de mergulhar a mão na água para levantar a rolha do engenho

terça-feira, dezembro 12

Pêlo sem desvelo

Pêlo meu que desbota
Pêlo dele que só brota
Tem pêlo que nasce assim
Num revolto frenesim

O meu cai do cocuruto
O dele prospera, astuto
Oh cabelo que me escapas
Que no dele firmas como estacas

A cabeleira mirra em calvicie
E aponta-me, bruta, à velhice
A dele cresce emaranhada
A minha desfalece encalacrada

Adeus pêlo, que me deixas
Para no outro alindares madeixas
Some-te na àvida cobiça da laca
E espeta-te na carapinha do Chewbacca

Arre, com a breca, que estou a ficar careca

segunda-feira, dezembro 11

Oups... i did it again

Nunca gostei de igrejas. Fazem-me lembrar amplas salas mortuárias, com frescos e um pé direito de fazer inveja a muitos T2 pela IC-19. Mas no sábado, por directiva do Criador, fui testemunha do enlace religioso do par que há mais de três décadas perfilhou quem vos escreve. Correu tudo muito bem. Seguindo as instruções prévias do meu pai, só tive de carregar a noiva até ao altar e levantar-me as 38 vezes estipuladas pela cerimónia. Mais uma vez, resisti à curiosidade de degostar a hóstia. Segundo as regras, não sou digno do ázimo, porque não me confesso há 32 anos. Acho mal, pois julgo-me isento, dada a imaculada peregrinação da minha existência. Depois, só foi complicado explicar à Cice o que fazia ali o papá Jeçus de cueiros, espetado numa tábua e com rubor liquefeito pelo corpo todo. Expliquei-lhe que estava de castigo por mais uma vez não ter pedido para ir ao bacio. Vamos lá ver se é desta que a miuda deixa as fraldas...

sexta-feira, dezembro 8

Está Láda

Provavelmente... uma dor de cabeça

Passava no Canal Panda de 30 em 30 minutos. Passa agora no nosso DVD de três em três

quinta-feira, dezembro 7

Engengarde!

Imaginem a mulher mais bonita do Mundo, depois da Helena e da minha Maria-quando-está-maquilhada. Já concluíram o exercício? Pois saibam que o resultado anda a cirandar pelas instalações do meu local de trabalho. Doutorada nas lides informáticas, a bela senhora carrega no rosto um par de olhos verde-cristalino que encadeia até à cegueira da paixão. Com silhueta de 20's, a referida idolatrada anda pelos 40's e pariu um filho que já fez a muda da voz e tem o dobro do meu tamanho. Vai motivando uma colectividade de adoradores, que caminha a passos largos para números semelhantes aos de associados do Benfica. Charmosa, perfumada e deliciosamente intocável, a engenheira lá concede de quando em vez e aceita partilhar comigo o elevador da sub para as sobre-caves. São curtas levitações de mudas partilhas, que me convidam aos insistentes devaneios sobre as artes que a engenheira vai apurando nos momentos de lazer. Não bastasse ser linda de rebentar todos os parâmetros da estética, a engenheira tem dotes no manejo do florete. Laços estreitos e familiares com os maiores especialistas nacionais em esgrima artística. Um verdaderio touché ao coração dos mais desprevenidos

quarta-feira, dezembro 6

Fúria major

Depois do Clark, falo-vos hoje de outra distinta personagem que saltita no meu quotidiano. O Major Alvega é mais um cromo aqui da praça, que também contribui para as delícias do meu dia a dia. De bigode negligê e popa disciplinadamente arrumada no topo da testa, o Alvega trata-se bem na companhia do mulherio. Ainda há dias, a minha amiga R. recebia com indisfarçável estupor a informação que o Alvega trocava de companheira ao ritmo da muda de peúgas. Admirava-se a minha amiga sobretudo por uma particularidade um bocado desconfortável: para soletrar um simples "bom dia", o nosso herói perde cerca de 3,41 minutos. Umas turbinas mal oleadas originam-lhe graves problemas no discurso, que sai sempre mal amanhado. Despeja sílabas aos solavancos. É uma aflição codificar o discurso, que no conteúdo oscila entre o enfadonho e o insurrecto. Num planeta de incompetentes, sobra ele, um gajo que de manhã apura o paladar com torradas barradas a azeite. Além da sinuosa oralidade e dos gostos excêntricos, o Alvega tem outra particularidade que um dia despertou a atenção do Tó Mãozinhas. Uma mancha azul na testa, que se dizia, à boca fechada, ser resultado de um rebentamento de uma mina na guerra colonial. Ora o Tó, conduzido pelo faro alcoviteiro, perdeu a vergonha e foi indagar junto do próprio. Sumiu da sala e, cinco minutos volvidos, reapareceu, de tez ruborizada e aparência invulgarmente mansa. Lá no infinito, alguém encravava teimosamente em gritos de cólera. Ainda hoje o Alvega tenta completar a ameaça, creio que "eu vou-te aos cornos!!", mas entretanto o Tó reformou-se

terça-feira, dezembro 5

Levantada do chão

"Fiquei sem sapatos, a mala saltou-me do braço e fui a rebolar desde o rés-do-chão até à cave", Maria José Valério, in 24 Horas. Bem ditos tablóides da nossa praça, que nos fornecem esclarecimentos descurados pelas publicações de referência. Soube-se que a cantadeira revisteira, célebre pela madeixa verde-alface estampada sobre a lacada melena, deu um monumental tralho em casa, quando se aprimorava para levantar nos correios o vale da reforma. Diz a notícia que a animadora dos espectáculos sportinguistas tem o lado direito "todo dorido" e que pondera recorrer ao raio-x para um diagnóstico mais minuncioso sobre o estado da velha carcaça. A notícia, ou o Grande trambolhão, remete-nos para a triste constatação que os imortais também podem ser abatidos pelos imponderáveis de um quotidiano rasteiro... ou rasteira

segunda-feira, dezembro 4

Defequei-me integralmente (v. refl., pop. + adv.)

Uma película inigualável (adj. 2 gén. que se não pode igualar; incomparável).
Um roadmovie brilhante (adj. 2 gén. luzente; cintilante; fig. célebre; excelente; pomposo, sumptuoso; notáve)l.
Um actor genial (adj. 2 gén. portentoso; próprio de um talento, de um génio; fig. prazenteiro; alegre; festivo).
Um humor hilariante (adj. 2 gén. que produz alegria ou o riso; jocoso; cómico).
Um argumento mordaz (adj. 2 gén. que morde; que corrói; picante; fig. pungente; satírico; maledicente).
Numa palavra... soberbo (adj. magnífico; sublime; grandioso; majestoso).
A rever (v. tr. tornar a ver; ver com atenção; examinar cuidadosamente; recordar; evocar; relembrar; v. refl. contemplar-se com desvanecimento; comprazer-se; tornar a ver-se).

domingo, dezembro 3

I kiss you

Provavelmente... o Borat original
My eyes are green
I have a car
I like music
I watch the stars
...
Mahir Cagri

sábado, dezembro 2

Púdico

O jornal Público informa os leitores mais impressionáveis que vai mudar de grafismo já a partir de Janeiro

sexta-feira, dezembro 1

Ordinarómetro

Oh Trincas, desculpa lá pazinha, mas isto é uma grande banhada. Para além de estar estragado, ainda me ofende. Experimentem vocês, mas aviso já que tem perguntas um bocado porcas, género se alguma vez beijámos uma mulher ou lhe cheirámos roupa interior usada