sábado, setembro 2
O bom marciano
Há personalidades peculiares. Cromos difíceis. Gente estranha. Enganos genéticos. Atropelos de encarnação. O Manuel João Vieira é uma miscelânia concentrada disso tudo. Arrisco que este homem nunca terá proferido uma palavra a sério. Nunca terá gesticulado sem intuito provocatório. Espanta a cantar, mas não sei ainda se pelo mal dos outros ou por aflições próprias. Apesar de tudo, gosto do aparente porreirismo. Gabo-me mesmo de um encontro imediato, a mielas com um antigo parceiro de labuta. Saímos tarde do trabalho e decidimos socializar com copos e música a granel. Como era perto, escolhemos o Frágil, já numa altura em que heteros e homos confraternizavam em cavaqueiras descomprometidas. Mesmo assim, estava uma noite alucinada. A Mísia fazia-se escoltar por dois negões forrados a lycra rosa. O Paulo Bragança carregava uma cardina que até disfarçava aquela aparência de nem carne nem peixe. Nós divertíamo-nos no balcão com o ambiente psicadélico. De repente, abeira-se de nós um robusto vulto, com esgares de ameaça à porrada. Reconhecemos o artista e preparamo-nos para o pior. A fera, afinal, estava mansa e cobiçava o porta-chaves do meu amigo. Sacou o que queria, passou o resto da noite a iluminar-se com os infra-vermelhos do Ford e nunca mais nos ligou pevide
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Com isto, só comprovo que a minha ideia sobre este senhor, não está muito longe da realidade...
Acho que as palavras dele são mais a sério do que se possa pensar à partida... acho-o um homem genial, mas como todos os génios, está perdido!!!
woman: exactamente... um "iluminado" ;o)
a estranha: no que me diz respeito, espero encontrar o meu caminho ;o)
Enviar um comentário