sexta-feira, novembro 17
The girl next door
Com a graça de Deus, conquistei a independência bem cedinho. Pouco depois de dobrar as duas décadas de existência, adquiri um habitáculo ali para o Conde Barão. Umas águas furtadas de 40 metros quadrados. Aquilo era tão apertadinho que tinha de tomar banho de cócoras. Recordo-me que na altura de rechear o investimento, alguns electrodomésticos foram recambiados à origem, por não atravessarem a porta de entrada. Descontando esses pequenos contratempos, a dificuldade em me mexer lá dentro e de chover a cântaros em dias de temporal, aquele canto era o orgulho da minha afirmação. No andar de baixo cirandava a N., a desterrada vizinha algarvia, de alto porte e elegante silhueta. Fruto da graça de duas almas joviais, fomos conquistado intimidades. Comovi-me no dia em que me bateu à porta para me confiar a chave. Ia para o Sul e pedia-me para lhe regar as plantas. Estávamos tão próximos que em certa ocasião convidou-me para um café. Falou-me com paixão incontida das barragens. Era uma aficcionada das represas. Uma admiração de anos pelo poder electrificante das águas. Foram horas de convívio, nas quais consegui beber alguns conhecimentos da complexa arte de erigir diques. Não fiquei adepto. Saí de mansinho, convicto que existiam poucos gostos em partilha. Assim de memória, apreciávamos café... ah, e soube depois, gostávamos de mulheres
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