No final de mais de cinco horas nas caóticas urgências do Hospital da Luz, já depois de me terem reconstruido o polegar direito com linha de nylon, na sequência de uma inconveniente mutilação por um xisáto, aquando de um bricolage doméstico.
- Enfermeira Vera: Então acabamos isto com a vacina do tétano...
- Fogas: Pois lá tem de ser...
- Enfermeira Vera: Como se portou tão bem, até lhe dou duas opções, o braço ou a nádega?
- Fogas: É indiferente.
- Enfermeira Vera: Deixa-me escolher?
- Fogas: Sim.
- Enfermeira Vera: Baixe as calças!
BOM ANO!
segunda-feira, dezembro 29
segunda-feira, dezembro 22
Scrooge
- Amigo: Acho esta história das caixas prioritárias uma descriminação medonha
- Fogas: Sim... de alguma forma é
- Amigo: Num país civilizado acabava-se com estas merdas
- Fogas: Tens razão... não era preciso...
- Amigo: F#d§ssss... quem são estes gajos para me mandar dar o lugar a prenhas, entrevados e carcaças
- Fogas: ...
- Amigo: Umas andaram com o pito aos saltos e agora querem paninhos quentes... outros escangalharam-se todos a acelerar na IC-19 em Hondas 600 e os velhos são incapazes de dar um tiro na cabeça para evitarem arrastar-se naquele estado caduco
- Fogas: Sim... de alguma forma é
- Amigo: Num país civilizado acabava-se com estas merdas
- Fogas: Tens razão... não era preciso...
- Amigo: F#d§ssss... quem são estes gajos para me mandar dar o lugar a prenhas, entrevados e carcaças
- Fogas: ...
- Amigo: Umas andaram com o pito aos saltos e agora querem paninhos quentes... outros escangalharam-se todos a acelerar na IC-19 em Hondas 600 e os velhos são incapazes de dar um tiro na cabeça para evitarem arrastar-se naquele estado caduco
FELIZ NATAL!
quinta-feira, dezembro 18
É uma tchawetice!
Num programa de rádio, ao fim da tarde, no trânsito de regresso a casa:
- Locutora: Hoje temos aqui o Tshawe Baqwa, dos Madcon. Vamos falar um pouco com ele... Hi Tshawe, glad to have you here
- Tchawe: I'm glad too... being near such a nice girl... the nicest portuguese girl!
- Locutora: Thanks Tshawe... nice of you to say... So, it's your first time here in Portugal?
- Tchawe: No... i've been here once... in Cascais and some other place i can't remember... 'cause i was too much drunk
- Locutora: O Tchawe diz que já esteve uma vez em Cascais de férias... And what about your new single... Liar, can you talk about this new music?
- Tchawe: Yeah... Liar talks about an ex-girlfriend of my band partner Yosef. Yosef was kissing this girl and he began to undressing her. She had a great pair of tits. Than he took her skirt off and he saw that she had a real big penis... bigger than his...
- Locutora: O Tchawe tem familia sul-africana e nós sabemos que vai passar o Natal na África do Sul!
quarta-feira, dezembro 17
DGV
Acidente: acontecimento repentino, fortuito e desagradável; (dir.) acontecimento do qual veio a resultar qualquer prejuízo para pessoas ou coisas; contingência; peripécia; desastre.
Desastre: acidente funesto; desgraça; revés; fatalidade; sinistro.
Despiste: acto ou efeito de despistar ou despistar-se; desorientação.
Pedaço: parte (de um todo); porção; bocado; trecho; período; (pop.) mulher encorpada; mocetona. (Do gr. pittákion, «remendo; parte», pelo lat. pitacîu-, por pittacîu-, «rótulo de uma vasilha; pedaço de pergaminho... ou de mau caminho»)
Foto retirada do paraíso
segunda-feira, dezembro 15
Versículos balsâmicos
Ao mesmo tempo que adquire conhecimentos na esfera anglófona e enumera, com desbravado engenho no inglês falado, todas as cores do arco-irís, a minha filha vai articulando lenga-lengas com rimas previsíveis, o que não augura nada de bom quando desafios mais exigentes se lhe cruzarem o caminho do amadurecimento. Ora atentemos para um dos exemplos mais recentes do seu exercício de lógica previsível e pouco ginasticada: "Pai, paizão, tens um lugar no meu coração. Estás guardado lá bem no fundo... És o melhor paizão do mundo". Temo que sejam as más influências do Toninho Carreira, rei da canção foleira, amiguinho da Popota, robusta agiota da época natalícia, sem perícia (e já chega que isto é viciante... adiante!)
quinta-feira, dezembro 11
Bate mau
Há um ensinamento que percorre a vox populi e que nos aconselha a fazer o bem sem olhar a quem. Mas há também quem goste de contrariar e prefira praticar o mal indiscriminadamente. O último filme do Homem Morcego serve-nos as duas opções. O bem, vestido de negro e de voz grave, e o mal, num colorido desalinhado e gargalhada histérica. Não é só por ser sombrio que o Dark Knight nos deixa às apalpadelas. E não é só (mas também) pela sua morte que Heath Ledger justifica ser mascarado de ícone da vilania. É sobretudo como nos exibe a prática compulsiva de uma maldade infantil, cruel, delirante e incobrável. A interpretação do Joker é arrebatadora e, por si só, imortal, mas também não acho que sejam os anunciados (e cada vez mais parolos) óscares o merecido tributo ao cowboy sensível das montanhas do Wyoming. Por falar nisso, é curioso que outro homicida da ficção tenha também começado a mostrar a nobreza do seu faz de conta em outro papel sensível, no Sete Palmos de Terra. O que distingue o Dexter de Michael C. Hall do Joker de Heath Ledger? Um mata em respeito escrupuloso de um código deontológico de carnificina, substituindo-se à (in)justiça. O outro destrói pela histeria que a angustia do próximo lhe crava (literalmente) no rosto (e pronto... agora vou ali ouvir A Fine Frenzy só para desanuviar)
terça-feira, dezembro 9
Play there... man
Fazes-me falta. Evoco-te quando os silêncios mudos me ecoam pelas entranhas. Procuro o conforto do teu regaço quando os solavancos me intimidam. Preferia que calasses os que se forçam a saudar o novo dia. Reclamo-te as baladas quando me levito ao destino que me emprega. És o vazio que careço quando as falas fúteis se atascam ao ar que respiro; o balão de oxigénio que me alivia do sufoco do desconforto. Fazes falta Richard, no elevador do emprego
quinta-feira, dezembro 4
Pêlo de lê-lo
Manuel Arouca foi, para mim, um género de Alice Vieira em versão de recém-maduros. Antes de enriquecer como argumentista de novelas da vida, o Manuel Arouca escrevia livros, um mérito dele de usufruto meu. Pertence-lhe a primeira obra que li sem batota. Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e outros camaradas romancistas da mesma igualha literária foram corridos na diagonal naquelas sintéticas edições da Europa-América de capa amarela. Maçavam-me os os detalhes descritivos, os preciosismos enfadonhos, os lutos da tuberculose, os incestos e as maratonas das carruagens Lisboa-Sintra. Com o Manuel Arouca era tudo mais cru e mundano. Com ele, deixei-me de expectativas idílias e fantasias pueris. Foi com o Gente Marcada que constatei, em meados de 80, que as mulheres tinham pêlos nas pernas
terça-feira, dezembro 2
sexta-feira, novembro 28
Comichão ardente, proposta indecente
O que é pior que a sarna que nos força a obstinada coceira e que nos pela até à carne viva, seguida da dor aflitiva de se salgar a ferida, a ponto de espumarmos de sofrimento e desfalecermos em agonia? Pior, muito pior, é ouvir da minha filha a intolerável proposta: "Pai, hoje vamos ser do Sporting a fingir?"
quarta-feira, novembro 26
A nossa selecção
Leandra Freitas e Ana Cachola foram medalhadas num recente Europeu de sub-23 e logo foram apelidadas de "novas meninas bonitas do judo português". Pudera!!
segunda-feira, novembro 24
Ambigo
Não nos chegasse o drama de sermos estripados logo à saída do ventre materno, somos forçados a passar pelo mesmo processo aquando da nossa emancipação. Romper com o cordão umbilical deixa marcas relacionais. Renegamos à cobertura paternal para nos fazermos à vida. O ensejo de independência polvilha de drama os progenitores, que nos querem à guarda até aos primeiros cabelos brancos (nossos). Karolina Kurkova é o símbolo revolucionário da libertação dos descendentes. Esta modelo espadaúda cria graves problemas a operadores de imagem e técnicos de photoshop sempre que pousa em vestes curtas, já que lhe falta um umbigo. O exemplo de um esventramento suave e uma emancipação feliz, como testemunha o semblante de sorriso rasgado
quinta-feira, novembro 20
A prison nada
Querida Jodi, julgava-te acabada, mas pareces uma gata: tens vidas que nunca mais acabam, uns olhos cristalinos e uma ferocidade assanhada. Aplicaram-te as mais bárbaras sevícias. Deram-te a cheirar o que não querias, mas subsististe estóica, depois de te pregares (literalmente) ao carcereiro. Dizem que és um bocado velhaca, mas olvidam que passaste uma infância obscura, que te dá, nos tempos de hoje, esse feitio de ruindade. Por mim, não me importa nada. És muito mais gira que a insossa da médica alcoólica e não dás abébias a florzinhas de estufa de olho mortiço que se fingem actores (podias é dispensar os xoxos ao calvo geronte)
terça-feira, novembro 18
sexta-feira, novembro 14
Economia (de pau) parada
A União dos 27 que nos privou dos jaquinzinhos, o único peixe que comia sem cuspir espinhas, patrocina colegiados de eurocratas especialistas em estética da fruta. Os peritos montam a trincheira à porta das grandes superfícies agrícolas munidos de régua, esquadro e transferidor para avaliar que frutas, vegetais e leguminosas aparentam a dignidade e formosura adequadas às virtuosas prateleiras dos supermercados. A mesma União dos 27 que quase nos saqueava os galheteiros dos restórans acaba de abdicar do preciosismo estético em nome da crise económica. A partir do próximo Verão (que as emendas tomam a cadência de caracol) podemos novamente aviar o cabaz das compras com pêssegos de bunda ou pepinos em curvatura, conforme o gosto da procura
quarta-feira, novembro 12
Café creme
Sou da geração miúda das graúdas. Cresci a apreciar gente grande, mulher espadaúda. Nos primórdios da TSF, suspirava pelas informações de trânsito da Laurinda Alves, a amazona que avaliava a correnteza das vias a galope numa Cagiva 125 cc. Casou-se depois com um indefectível portista e perdeu a mística. Lembro-me também de espreitar para a Leonor Pinhão durante os pequenos-almoços na Cister, ali para a Escola Politécnica. Tinha, e ainda tem, olhos cavados, silhueta esguia e militância da enormidade benfiquista. Naquela pastelaria, recatava-se na mesa mais obscura. Não me lembro de quantos chávenas de café sorvia, mas ainda hoje tenho presente que tragava fiadas de cigarros com incontinente alarvidade. Depois aliava a ligeireza assertiva do folhear de A Bola, ainda no formato gigante, com a sisudez carregada de quem consumia com redobrado zelo cada palavra imprimida no papel ralo. A Leonor lia e não me passava cartão. Eu nutria-me com bolas de berlim, empurradas a galão (claro e morno)
terça-feira, novembro 11
sexta-feira, novembro 7
Variedades
Não quero desculpabilizar as minhas opções em idade mais precoce, mas toda a gente carrega com um gomo mais apodrecido no conjunto do fruto que lhe germinou em pessoa. Tive gostos que, nos dias de hoje, e numa primeira leitura, podem sugerir náuseas ou, em casos mais extremos, cólicas renais. Nos dias de hoje, por exemplo, qualquer editora doméstica consegue compilar, com a celeridade e eficiência do digital, uma colectânea de artistas. Nos meus tempos de menino, o vinil e a fita magnética delimitavam-nos os apetites do consumo musical. Eu, por exemplo, para ter num só produto estilos tão díspares como Tom Jones, Tina Turner, Tony de Matos ou Alfredo Marceneiro tive de adquirir a cassete do Fernando Pereira, comprada ali numa discoteca entalada entre a taberna das limonadas e o tribunal da Boa Hora. Na altura, o referido artista ainda ostentava um bigode que lhe conferia uma insuspeita masculinidade, pelo que adquiri descomprometidamente a obra, sem antecipar que ainda hoje me ruboriza a face de tanta vergonha
quarta-feira, novembro 5
segunda-feira, novembro 3
quinta-feira, outubro 30
Kitchen kitsch
Tirada atirada, entre emocionadas lágrimas, por um contemplado com os arranjos da Sofia, a anfitriã do Querido, a qual, face ao exposto, sorriu amareladamente, sem que contestasse, com a esperada vemência, a reflexão do afortunado concorrente
terça-feira, outubro 28
Cice Pink Shoes
catracas, catracas, catracas
- Estás a ouvir isto?
- Devem ser canos
catracas, catracas, catracas
- Olha que não me parece...
- Então são martelos
catracas, catracas, catracas
- Nã, nã. É um bocado assustador... e aproxima-se
- Lá estás tu a dramatizar. Deve ser o vizinho em obras
catracas, catracas, catracas
- Está alguem em casa. É um gatuno!!
- Não é nada. Isto é canos
- Canos o tanas... é a Cice com as socas da princesa
(deu-lhe agora para os revivalismos e recuperar uns chanatos dois números abaixo)
- Estás a ouvir isto?
- Devem ser canos
catracas, catracas, catracas
- Olha que não me parece...
- Então são martelos
catracas, catracas, catracas
- Nã, nã. É um bocado assustador... e aproxima-se
- Lá estás tu a dramatizar. Deve ser o vizinho em obras
catracas, catracas, catracas
- Está alguem em casa. É um gatuno!!
- Não é nada. Isto é canos
- Canos o tanas... é a Cice com as socas da princesa
(deu-lhe agora para os revivalismos e recuperar uns chanatos dois números abaixo)
quinta-feira, outubro 23
Quem Te Vê Guia
Hoje ofereço um excerto retirado da página oficial na internet de uma conceituada multinacional sobre um produto alvo da minha aturada pesquisa, para eventual aquisição. Como sou boa gente, dispenso-vos as apreciações técnicas e retiro algumas das referências que podiam denunciar o palerma incumbido de escrever a alarvidade que se segue:
"A (referida empresa) vai mais longe e cria um novo ícone em Design! O novo (alvo da minha busca) de sucesso: (segue-se o nome do modelo) tem uma série de características singulares que você não vai querer perder... a sua imagem superior (de determinada característica indecifrável) com (outra determinada característica ainda mais incompreensível); o seu elevado rácio de contraste de (operação de divisão); o seu som (xpto ao quadrado-cúbico) concebido pelo conceituado (nome de um tipo que desconheço); entre tanto mais... Não fique para trás, seja alvo de reconhecimento entre os seus amigos!"
Não dá vontade de espetar cinco galhetas a estes desgraçados sem graça?? Eu até prefiro ver a bola sozinho para dizer asneiras descansadamente
terça-feira, outubro 21
Sofásmas
O metabolismo descambou-me para estado irreversível de preguiça e também eu me espreguiço na ideia de dietas. Os abdominais sufocam na espessa camada adiposa e mirram à força do bandulho proeminente. O meu Id não abdica da cevada gelada e passa o dia a zombar nas directrizes abstémias do Super Ego. Neste fogo cruzado, o Ego envergonha-se com a silhueta reflectida no espelho. Os três deviam é ter vergonha e dar ouvidos à minha avó, que este sábado, antes de mais um repasto orgíaco de família, me perguntou se o sofá da sala era novo. “Não, é o mesmo”, respondi. “Ah, é que os assentos parece-me muito mais fofos”. Retorqui sem pestanejar: “É impressão tua!”… e pressão minha
sexta-feira, outubro 17
Oremos
Abençoai, Senhor, o pão de cada dia
Que à volta desta mesa haja sempre alegria
Abençoai, Senhor, a nossa refeição
Que à volta desta mesa haja sempre união.
...
O pior não é ter de gramar com esta lenga-lenga, de mão dada, antes do jantar. O grande problema é que começam a atormentar-me os medos de vociferar tanto ao volante
(a escola até é boa, fica perto do emprego, tem umas educadoras giras, a mensalidade suporta-se e não nos chulam com as tretas dos prolongamentos... se correm com a miuda não encontro melhor)
quarta-feira, outubro 15
Bitchum
A propósito de uma recente contenda com um antigo tertuliano da Cinemateca, venho hoje aqui com o propósito de rectificar ligeiramente a minha adversidade ao cinema clássico. No que respeita à area da pelicula projectada na tela, não sou apreciador do que se produziu na primeira metade do século passado. O cinema mudo da-me cabo dos tímpanos. Não se aguentam as marteladas de piano nas cordas laças. Depois, a adição do som veio expor a aflitiva incapacidade cénica de alguns que são apontados hoje como ícones da sétima arte. Esse meu interlocutor ex-tertuliano lá acedeu e admitiu que havia muito canastrão. Eu concordo e acrescento: personagens como Humphrey Bogart, Clark Gable ou Errol Flyn constituem o pior bando de broncos, logo a seguir aos concorrentes, e acompanhantes, do Momento da Verdade. Existem, no entanto, excepções. Se há filme que me acirrou a tendência de estimar os vilões foi A Noite do Caçador, uma produção de 1955 (tinha o meu pai largado os cueiros) arrepiantemente interpretada por Robert Mitchum, um actor feioso mas que representava à séria. Posteriormente, perdeu-se um bocadinho e passou a teimar, de forma suspeita, em trajar de marinheiro em grandes produções televisivas. Está bem que numa dessas séries, Ventos de Guerra, foi bafejado pela fortuna e contracenou com Ali MacGraw, mas não creio que a estampa tenha achado alguma piada às fardamentas, e à fronha de trambolho, do Robert
segunda-feira, outubro 13
Toda Ruta
Apesar de praticante mediana no panorama ping-ponguístico internacional, a lituana Ruta Paskauskiene teve a amabilidade, mesmo que inadvertidamente, de me aproximar à complexa terminologia desta modalidade de bolso. Numa manhã de domingo chuvoso e tristonho aprendi que a referida tenis-mesista aplica as suas pancadas com uma raqueta de borrachas combinadas e de picos na face revés. Ora, as características peculiares do utensílio permitem a Ruta raquetar um top-spin seco e traiçoeiro para as oponentes. Transmitiu-me também o narrador da peleja, que escutava, ainda ensonado, na Eurosport, que Ruta, e cito de cor, “bloca muito bem em cima da mesa”. Num domingo chuvoso e tristonho, não há metáforas capazes de instigar a mais perversa das fantasias…
sexta-feira, outubro 10
A tradução ainda é o que era
“O dia mais aterrador da vida é o do nascimento do primeiro filho. A vida, tal como foi até ali, desaparece, para nunca mais voltar. Eles aprendem a andar e depois a falar. Só queremos estar com eles. Tornam-se nos seres mais adoráveis que algum dia conhecemos”. Um somatório de lugares comuns que se multiplicam de sentido no contraste com uma Tóquio estéril e despersonalizada. Dois perdedores (e perdidos) entrincheirados na capital japonesa com muito pouco que fazer. A Scarlett ainda estrabucha, mas o Bill dá-lhe a estocada final nos apetites quando exorta os valores da família. Mesmo assim, massaja-lhe o pé ferido. A Scarlett quer ir a jogo, mas não tem trunfos. O Bill entrega o naipe e deixa-se de truques. A Scarlett não sabe o que quer. O Bill até sabe que a mulher queria que ele não quisesse voltar. Aconselho particularmente o trágico final do filme. O Bill deixa a Scarlett e retoma a viagem no táxi de estofos forrados a bordado de Arraiolos. Foram dois dias a consumir o cinematógrafo lá de casa. Até deu para aviar as três Vixens do Russ Meyer (até a barraca abana, literalmente)
terça-feira, outubro 7
A inverdade da mentira
- Cice: O que é que a menina está a dizer na rádio?
- Fogas: Oh Cice, não vês que estou a guiar?
- Cice: Vá lá… vá láá…
- Fogas: “Isto não correu como planeei, nem foi minha intenção…”
- Cice: E mais… e mais
- Fogas: “Despertaste-me… cativaste-me atenção”
- Cice: E agora… e agora?
- Fogas: “Eu beijei um rapaz e gostei… do sabor do batom de cereja”
- Cice: Quisse é beijinho?
- Fogas: Sim, sim
- Cice: E gârle é rapaz não é?
- Fogas: É, é sim
- Cice: E o menino tem batom??
- Fogas: Oh Cice, é para o cieiro!!
Raispartam os hits com laivos de modernidade
- Fogas: Oh Cice, não vês que estou a guiar?
- Cice: Vá lá… vá láá…
- Fogas: “Isto não correu como planeei, nem foi minha intenção…”
- Cice: E mais… e mais
- Fogas: “Despertaste-me… cativaste-me atenção”
- Cice: E agora… e agora?
- Fogas: “Eu beijei um rapaz e gostei… do sabor do batom de cereja”
- Cice: Quisse é beijinho?
- Fogas: Sim, sim
- Cice: E gârle é rapaz não é?
- Fogas: É, é sim
- Cice: E o menino tem batom??
- Fogas: Oh Cice, é para o cieiro!!
Raispartam os hits com laivos de modernidade
sexta-feira, outubro 3
quarta-feira, outubro 1
Memorium
-Fogas: Então sábado lá estaremos a encher...
- Kunhas: Sim, mas tens de pedir à Maria para lembrar à outra Maria para levar os zingarelhos, não vá eu esquecer-me
- Fogas: Deixa-me recapitular: tenho de me lembrar para lembrar à Maria que lembre à outra Maria que se lembre de levar os zingarelhos no sábado
- Kunhas: Correcto. Ou então lembra à Maria que lembre a outra Maria que me lembre a mim
- Fogas: Bem, o melhor é melhor apontar!
- Kunhas: Sim, mas tens de pedir à Maria para lembrar à outra Maria para levar os zingarelhos, não vá eu esquecer-me
- Fogas: Deixa-me recapitular: tenho de me lembrar para lembrar à Maria que lembre à outra Maria que se lembre de levar os zingarelhos no sábado
- Kunhas: Correcto. Ou então lembra à Maria que lembre a outra Maria que me lembre a mim
- Fogas: Bem, o melhor é melhor apontar!
segunda-feira, setembro 29
Amor, bola e bricolage
(episódios lúdicos de um fim-de-semana a montar rodapés com a Maria manitas de plata)
quinta-feira, setembro 25
Jaco...mias umas lambadas no focinho
Caro Jacob 2-2, tens nome de cromo bíblico empatado. Não te safas nem te dás ao respeito. És um falhado, um falhado. Viste? Disse duas vezes, as mesmas que tu precisas de repetir para que te faças ouvir. És um miúdo medíocre, medíocre. Acho muito bem que te encham de calduços e belinhas lá na tua escola. Esse persistente choradinho do coitadinho transtorna até os mais fleumáticos. Se fosses meu filho passavas o dia a apanhar galhetas, galhetas. Tu sai-me da frente! Ah, e já agora, deslarga-te dos pesadelos da minha filha. Sangrou-me o coração ouvi-la descrever com detalhada minúcia as cruéis vilanagens que lhe infligiste nuns sonhos maus que ela teve. Se te apanho, levas um arraial que te viro do avesso, avesso. Vai puxar as pestanas para outra freguesia, sua besta, besta!
terça-feira, setembro 23
Repasto meteoroilógico
- Comensal 1: Está um tempo estranho, está
- Comensal 2: Sim… esta neblina densa…
- Comensal 3: Ontem ainda caíram umas pingas
- Comensal 4: Mas agora está um calor pesado
- Comensal 1: Pois está. Ainda hoje de manhã me fartei de transpirar
- Comensal 4: Até custa respirar
- Comensal 2: Sim… esta neblina densa…
- Comensal 3: Ontem ainda caíram umas pingas
- Comensal 4: Mas agora está um calor pesado
- Comensal 1: Pois está. Ainda hoje de manhã me fartei de transpirar
- Comensal 4: Até custa respirar
- Comensal 2: A mim dão-me umas dores de cabeça...
- Cice: Eu já tenho as maminhas grandes!!!
- Cice: Eu já tenho as maminhas grandes!!!
...
Quatro anos e meio, alguma fantasia hiperbólica e um grande sentido de oportunidade
sexta-feira, setembro 19
Mata Hari II
A revolução política em Israel só vem demonstrar que aqui o Fogacho foi premiado, aquando da sua concepção, com dotes de premonição. Pena que na altura em que o Senhor me alumiou com o particular atributo se tenha esquecido de incluir a excepcional capacidade de adivinhação das conjugações de números do Euromilhões. Mas adiante. Tudo isto para dizer que já andava com ela fisgada. Tzipi Livni tem dos nomes mais desarticulados da diplomacia internacional, mas é a nova esperança para uma brisa de paz entre facções israelitas e palestinianas. Já anda nos cinquentas, mas ainda tem um olho azul capaz de amolecer a intransigência radical dos dois lados da barricada. Depois, está polvilhada por aquele passado na Mossad, ainda com uma tenra vintena de anos, que lhe aguça o charme e cimenta a autoridade. Por cá, só me ocorre a Teresa Caeiro, mas como não sou um tipo às direitas, mais depressa me convertia ao judaísmo
quarta-feira, setembro 17
Vão vocês!
E tão caro!
Quem é que fica aconchegado com duas ramas de ervinhas e três cilindros de arroz gomado? Nós de barriga vazia e eles de bolsos cheios
segunda-feira, setembro 15
Bagas multiloculares
Triimmm... trriimmmm
- Fogas: Sim?
- Amigo: Olá pá, estás disponível?
- Fogas: Mais ou menos. Estou por aqui a aturar uma birra da miuda
- Amigo: Então deixa estar, ligo mais tarde!
- Fogas: Mas aconteceu alguma coisa?
- Amigo: Aconteceu. Lembras-te das oscilações amortecidas pelas isóbaras?
- Fogas: Lembro-me perfeitamente. Não me digas que a relatividade do fulcro espandongou-se???
- Amigo: Não pá... mas os termístores colinearam-se!!
- Fogas: Eh pá, que grande susto que me pregaste... Antes isso pá... só de pensar que o fulcro se tinha espandongado até fiquei com os termodinâmicos mirradinhos
(cinco minutos depois)
- Cice: Pai...
- Fogas: Sim?
- Cice: O que são termodinâmicos?
- Fogas: São os anjinhos... são os anjinhos dos meninos
(diálogo cuidadosamente encriptado para salvaguarda dos seus intervenientes)
quinta-feira, setembro 11
Pendura
Conheço o escanção, que avalia o néctar da uva por uma pequena tijela acorrentada ao pescoço. Há também o piloto de testes, que arrisca a integridade física para atestar a aderência dos novos pneumáticos das escuderias. Ainda vamos tendo alguns alfaiates, que desfiam fita métrica para nos calcular o arcaboiço, num ritual de prova cheio de desconfortáveis apalpadelas. Ainda no campo da experimentação, tenho agora em memória o sr. Carlos, o meia-leca de carpinteiro contratado para me armar a cozinha e que se pendura nos móveis de parede para aquilatar a eficiência do aparafusamento (este foi o mesmo homem que escangalhou dois tico-ticos a recortar as bancadas e desenrascou o resto do serviço e serrar-me os tampos com um berbequim)
segunda-feira, setembro 8
Obrava-lhe a fronha toda
Senhor profissional da construção civil: o senhor comprometeu-se a executar a empreitada lá de casa a preço de amigo. Agradeci-lhe a amabilidade no orçamentado e selei o acordo com um vigoroso aperto de mão.Tirava o chão velho, colocava pavimento novo, arrancava a mobília obsoleta e aparafusava -me à parede 15 módulos do IKEA (que eu tive o prazer de montar para lhe adiantar serviço). Ajustei as sobras das minhas férias para a altura acordada e esperei que o senhor iniciasse a tarefa para que foi contratado. Esperei segunda-feira, sentado. Esperei terça-feira, ainda sentado mas já a coçar-me todo. Na quarta, e sem sinal do contacto móvel que me tinha fornecido, vociferei alguns impropérios. A Maria apavorou-se com a minha terminologia e logo fez saber a familiares próximos que eu, descontrolado, estava pronto para o abater. Devo esclarecer, senhor profissional da construção civil, que não era meu intuito tirar-lhe a vida, pois não tenho índole para esse género de procedimento. Confesso, isso sim, que estava embaladíssimo para lhe infligir três ou quatro pauladas na fronte, só para aleijar e deixar outros tantos lanhos na sua couraça de pessoa pouco séria. Estou há quatro dias a alimentar-me a pizzas e sandes, tenho a casa virada do avesso e o frigorífico a ruminar mesmo junto ao sofá onde desentorpeço a carcaça. Mas, se Deus Nosso Senhor consentir, hoje já devo ter uma cozinha nova
segunda-feira, setembro 1
quinta-feira, agosto 28
Mimor
- Fogas: A abraçar-se!
- Cice: Não, eles estão com o amor
- Fogas: Amor? O que é amor??
- Cice: O amor é mimos!
A minha filha só tem quatro anos e já aprende coisas que eu não lhe ensinei
(é que me deu um nó na garganta tão-tão apertado que só não chorei porque me concentrei muito-muito no miudo, duas filas atrás, que ameaçava vomitar as pipocas porque o irmão lhe tinha colado dois burriés na borda do pacote)
quarta-feira, agosto 27
Manuel de vida
Quem anda perdido procura referências. Imaginem um desvio acidental ao traçado que delinearam e que caminham sem rumo conhecido. Querem ir, por exemplo, para Vilar de Izeu, lá para Trás-os-Montes e, sem esperar, estão a escancarar-se com a indicação para Alvoco das Várzeas, em Oliveira do Hospital. Nesse momento de impasse, têm uma solução: aceder ao Guia Michellin. Em alternativa, se quiserem ser um pouco mais metafóricos e trocar as localidades por dois sentidos de vida, podem recorrer aos ensinamentos de Francesco Alberoni. Este sociólogo é o samaritano que, à beira da estrada, nos indica o melhor traçado para embicar à estrada do nosso destino. O pensador italiano é uma versão mais branda de Desmond Morris. Suaviza tratados de vida em literatura ligeira para encalhadas, imortalizando paradigmas como "o amor para durar, tem de ser também confiança e estima; isto é, deve adquirir algumas propriedades da amizade" (pausa para assimilação de tão sapiente dizer). Para Alberoni faz também todo o sentido que tenhamos dois, ou até mais, destinos (gajas) nas caminhadas (noitadas) que empreendemos, pois "uma vida longa e intensa dificilmente se pode caracterizar por um único amor" (inspirar profundamente para decalcar no peito a erudita reflexão). Tenho um amigo que anda fragilizado de amores e que me aconselhou uma "magnífica obra" do "conceituado antropólogo". Por especial favor, darei uma espreitadela, mas só depois de ler alguma coisa do Paulo Coelho. É que tenho de reunir fortes argumentos para degladiar conceitos de vida com o pinga-amor do meu amigo
segunda-feira, agosto 25
O Zécalcas
Faz-me alguma graça chamarem Madjer a todo o artista que calca o esférico em jogos de fim-de-semana. Quem avalia com essa leviandade não conheceu o Zeca, o meu colega de primária que corria mais que um galgo... corrido à pedrada. O Zeca tinha aquela tez cenoura, incisivos centrais desalinhados e um porte tão escanifrado que tinha de cuidar-se em dias de ventania. Mas a ligeireza do Zeca proporcionava-lhe super-poderes nos sprints de Educação Física. Ganhava as corridas naquele estilo a cambalear. Em cada passada larga flectia os abdominais, ao mesmo tempo que balançava a queixada para impulsionar a carcaça franzina . Era uma técnica inestética, que se confundia com esgar de sofrimento pré-comatoso, mas extramente eficaz. Mas o Zeca não era temido apenas nas corridas. Em momentos mais quentes de altercação, o Zeca virava-nos os costados e infligia um coice de mula que carimbava muita nódoa negra nas tenras pernas dos colegas de turma. Na altura, ganhei mais medalhas que a comitiva olímpica portuguesa em Pequim
quinta-feira, agosto 21
Let's party
Ao fundo, um senhor alto, com uma imponência física que minguava na imensidão da sala vazia. Esperava pelos convidados, já com indisfarçável impaciência. Mas o salão ornamentado com motivos policromáticos continuava vazio, aglutinando os permanentes suspiros do senhor alto. Entretanto, abocanhava canapés. Já nem era apetite, era tique nervoso. Mastigava tanto quanto transpirava. O senhor alto olhou outra vez para o relógio. Os ponteiros rodopiavam, mas ninguem aparecia. Mais canapés e mais lamentos em surdina. Um festim tão solene e ainda ninguém para o engalanar. Mas acabou-se a angústia. Primeiro chegou a Vanny, irrequieta. Logo a seguir, o Nelsinho, ainda cheio de areia no rabo. Pediram muita desculpa pelo atraso, mas tinham passado primeiro pela Luz para vestir a camisola a preceito. O senhor alto inspirou fundo e abraçou os convivas. Portugal aplaudiu e também se cobriu de verde e vermelho
(Ensaio sobre o desafio lançado por Nuno Fernandes, presidente da Comissão de Atletas, a Laurentino Dias para promover uma festa de campeões logo a seguir aos Jogos Olímpicos de Pequim. São poucos, muito bons e da melhor escola!!)
Adenda: afinal chegou mais um, mas este não foi à festa do senhor alto e deixou-se ficar pela Catedral (não sei é por mais quanto tempo)
(Ensaio sobre o desafio lançado por Nuno Fernandes, presidente da Comissão de Atletas, a Laurentino Dias para promover uma festa de campeões logo a seguir aos Jogos Olímpicos de Pequim. São poucos, muito bons e da melhor escola!!)
Adenda: afinal chegou mais um, mas este não foi à festa do senhor alto e deixou-se ficar pela Catedral (não sei é por mais quanto tempo)
quarta-feira, agosto 20
Fleuma olímpica
A Cândida Pinto engana um bocado. Tem aquele nome próprio de ingénua pureza e logo que não se dá por ela... zás, lá está a reporter de guerra em zona de conflito. No meio de bazucas, lança-mísseis, torpedos ou bombas de gás-mostarda, Cândida transmite-nos, com fleuma inabalável, o drama destruidor da avidez humana. Ainda agora continua às portas de Tbilissi aguardando que as chaimites russas entrem pela capital georgiana dentro para esmigalhar tudo o que é edifício público para, assim, fragilizar Mikhail Saakashvili, o presidente que troçou da influência da dupla Medvedev-Putin na zona do Cáucaso. Contam-me que, concluída a cobertura do conflito na Geórgia, Cândida Pinto manter-se-á em ambiente de guerrilha. Assim que regressar a Portugal, prevê fazer dois ou três directos à porta da sede do Comité Olímpico de Portugal
segunda-feira, agosto 18
Ranchosa
Tiffany, anexada no canto superior direito, sempre foi rapariga para outros voos. Largou a ocupação de lojista e apostou em outro ramo laboral. Continuava a ter contacto com clientela, agora num espaço mais amplo e iluminado por um ligeiro lusco-fusco de néon. Foi para lá ver no que dava. Impôs, porém, algumas restrições. Sempre foi, digamos, um misto de selecta com reservada. Não aceitava qualquer gente. Aliás, torcia para que não a elegessem na esmagadora maioria dos dias, só porque não tinha muita paciência. Para os infortunados que se embeiçavam pelo rosto nobre desta rapariga, o aviso prévio: não soprava em cornetas de outrens, porque sempre lhe puxaram os vómitos. Também a incomodava terminologia como "clientes", "rameiras" ou "bordel". Preferia as metáforas... ou os 500 dólares por 20 minutos num jacuzzi, mas sem porcarias. Um dia perdeu a cabeça e acedeu colaborar com uma colega numas intimidades com um senhor. No meio da pândega, mostrou os seios, mas avisou logo o porcalhão que não queria beliscões nem palmadas no rabo. Aguentou-se por lá não chegaram a duas semanas. Fez as malas e voltou para casa. Estava desconfortável com os olhares das colegas. "Sentia que começava a ser uma ameaça para elas", confessou (!?!?!), já a caminho do check-in...
O Bunny Ranch é um programa que tem a sua graça, mas tenho de ligar para a SIC Radical a protestar pelo horários impróprios desta série. Costumam passar aquilo pelas 23:00 e isso não é a hora mais adequada, sobretudo para quem anda quase há duas semanas a levantar-se pelas 08:00 da manhã. Tem noites que me custa segurar a vigília
O Bunny Ranch é um programa que tem a sua graça, mas tenho de ligar para a SIC Radical a protestar pelo horários impróprios desta série. Costumam passar aquilo pelas 23:00 e isso não é a hora mais adequada, sobretudo para quem anda quase há duas semanas a levantar-se pelas 08:00 da manhã. Tem noites que me custa segurar a vigília
quarta-feira, agosto 13
MortaDelas
Venho por este meio esclarecer uma significativa parcela do Mundo, ou, por outras palavras, a parte da humanidade que me vai interpelando sempre que envergo a farpela que coloco em anexo. A quem insistentemente me anuncia como "chegou o super-homem", ou, mais possessivamente, "chegou o meu super-homem", ou ainda, em jeito de socorro, "chegou o super-homem que me veio salvar", obrigo-me a elucidar que não se trata do super-homem, mas do Super Mortadela!! Um pouco mais de argúcia, meninas
segunda-feira, agosto 11
Óleo Gula
sexta-feira, agosto 8
Tales from the heart
Deixaste a porta entreaberta para me facilitar a investida. Esperavas na sala com indiferença glaciar. Olhaste-me de soslaio e ordenaste que me despisse, num trato frio e autoritário. Tirei a roupa. Disseste para me acercar de ti para que pudesses passar-me o gel pelo corpo. Levantaste-te e, num esgar de sorriso quase imperceptível, murmuraste-me "hoje sou eu que faço a cama". Sacaste do rolo de papel asséptico, estendeste-o pela marquesa e mandaste-me deitar. Fiquei todo besuntado, mas o electrocardiograma correu bem
quarta-feira, agosto 6
Rabo de gralha
- Criança: O pai vai onde?
- Maria: Ao cu do conde!
- Criança: Eu também quero ir!!
...
Minha querida filha. Passas ainda por tenra idade e não dominarás, por certo, a peculiar gíria desta expressão idiomática. Como não escolheste os genes que te materializam a existência, também não terás a culpa da irresponsabilidade de quem carrega o ventre que te gerou. Ter-se-á esquecido a tua mãe que reproduzes com uma exactidão assustadora tudo o que de mais estranho te faísca nos tímpanos. Esqueceu-se também a leviana da tua mãe que tens passado estes dias com a tua avó
...
Para memória futura, quero que saibas que no circulo de relacionamentos do teu querido pai não figura ninguem titulado e muito menos quem confie as costas para despudores dessa estirpe. E se queres ir, desemerda-te sozinha
- Maria: Ao cu do conde!
- Criança: Eu também quero ir!!
...
Minha querida filha. Passas ainda por tenra idade e não dominarás, por certo, a peculiar gíria desta expressão idiomática. Como não escolheste os genes que te materializam a existência, também não terás a culpa da irresponsabilidade de quem carrega o ventre que te gerou. Ter-se-á esquecido a tua mãe que reproduzes com uma exactidão assustadora tudo o que de mais estranho te faísca nos tímpanos. Esqueceu-se também a leviana da tua mãe que tens passado estes dias com a tua avó
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Para memória futura, quero que saibas que no circulo de relacionamentos do teu querido pai não figura ninguem titulado e muito menos quem confie as costas para despudores dessa estirpe. E se queres ir, desemerda-te sozinha
segunda-feira, agosto 4
Roda bota fora
- Legenda:
Foto à esquerda: há adultos que querem ser crianças
Foto à direita: há crianças que não querem os adultos
quinta-feira, julho 31
Taberneireiro
O mesmo de sempre? A pergunta de rotina atirava-se enquanto se afiavam as lâminas da tesoura. A fidelidade tem destas coisas. Vinculamo-nos à intimidade de quem nos decora as medidas capilares. Era assim no Conde Barão, onde aparava a melena ao lado do Henrique Viana. Acabei por renunciar ao barbeiro quando me mudei para os arrabaldes de Lisboa, derrotado pelo transtorno de uma deslocação mensal (que a carapinha cresce com alarvidade). Acedi experimentar a cabeleireira das proximidades. Não cortava mal. O mais chato era mamar com as cassetes de música nordestina. Foi-se embora... para o Nordeste brasileiro e trespassou o espaço a uma dupla de suburbanas que até nem tem mau ar. Já fui lá umas quatro vezes. Fidelizei-me, apesar de o mesmo não ser o de sempre. Passo a explicar. Da última vez saí de lá em desconforto. Pior que o desbaste a pente 1 - que me deixou o cocuruto com uma áspera camuflagem de ouriço - foi o remate do serviço. Depois das desculpas pelo descuido, a patroa saca do pente e da tesoura e apara-me as sobrancelhas!! Fervilha-me um organismo de taberneiro
No fim, ainda tive de carregar com a Cice, que não tinha maneira de se aguentar em pé, depois de ter passado toda a sessão do escalpe a rodar-se na cadeira ao lado. Arreporra!!
No fim, ainda tive de carregar com a Cice, que não tinha maneira de se aguentar em pé, depois de ter passado toda a sessão do escalpe a rodar-se na cadeira ao lado. Arreporra!!
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