domingo, agosto 27
Velho ranhoso
Assoei-me três vezes, mas mantinha-se o embaraço. Não era possível. Qualquer muco mais obstinado não resistiria às violentas exalações. Mas enfim, o reflexo do espelho testemunhava que se conservava por ali qualquer coisa. Quis conhecer de perto o visco que não deslargava as fossas nasais. Aproximei-me do espelho e deduzi que se tratava dos maiores logros recentes da minha percepção sensorial. Aquilo que por mim se assemelhava a um pedaço de ranho que recusava finar-se no papel era, afinal, um tufo de pêlos brancos. Crescem-me magotes de alva lanugem no nariz. A constatação do avançar da idade é já de si penosa. Da minha parte, foi também viscosa
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6 comentários:
Meu caro, cabe a mim ser a primeira a dar-lhe os pêsames por tamanha... Enfim... É a vida... Que tal arrancar esse maldito com a pinça? Pelo menos dá para te enganares mais uns tempos, ou não...
La femme de trente ans
"amarás o meu nariz
brilhante
as minhas estrias
os meus pontos pretos
os meus textos
os meus achaques
e as minhas manias
e as minhas gatas
de solteirona
ou não me amarás"
Acho que a Adília Lopes não se vai importar se eu lhe alterar umas coisinhas ao poema:
"Le homme de trente et deux ans"
"Amarás
o meu nariz
com pêlos brancos
o meu pneuzito na barriga
os meus pés malcheirosos
os meus textos
os meus achaques
e as minhas manias
e o meu mau feitio
de pai de família
ou não me amarás"
:o) bom regresso
woman: olhe que essas asas também... ;o)
sunny: eh fadista!
pah, q nojo, pah.... deu p sentir até o cheiro :S
Blhacccccccccccc
;)
E foste tu ao meu cantinho chamar-me feia... velho.
;)
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