sexta-feira, agosto 11

À consideração do DIAP

Sempre fui rapaz de atraiçoar as aparências. Com 14 anos, parecia que tinha uns 20. Agora, a caminhar para os middle 30's, ninguém me dá mais de 25. Ou seja, em 20 anos, envelheci oficiosamente uns cinco. Se nos antigamentes não me barravam a entrada no saudoso Bar 25, agora abordam-me para trocar cromos repetidos do Mundial de futebol. Voltando atrás, é com melancólico revivalismo que recordo alguns episódios infectados pela mentirosa maturidade da minha figura. Naquela altura, começávamos a experimentar os primeiros anos de cavaquismo. No pelouro da Educação, João de Deus Pinheiro preparava terreno para a reforma dourada como comissionista europeu. Nos intervalos dos contactos com o estrangeiro, requisitava para a minha escola formosas professoras de inglês. A I. M. era, como se costuma dizer, um belo pedaço de mulher, assim com laivos de Oceana Basílio, candidata a actriz nos Morangos com Açucar. Era gira, sim senhor. No entanto, aqui o gingas só pensava na bola. Tinha aspecto pré-marital, mas conteúdo infantilóide. Certo dia, a I. M. apanhou-me sentado à porta do pavilhão a engendrar a melhor forma de infligir uma cabazada aos rufias do 8º C. Para meu espanto, entregou-me um envelope... perfumado. Num inglês perfeito, escrevinhado em azul-bebé, tecia uma série de considerações abonatórias sobre a minha pessoa. Incrédulo, ainda fui confirmar se handsome queria mesmo dizer jeitoso. Não só queria dizer, mas como tinha anexo outros adjectivos de avaliação extremamente elogiosa. Passámos a apanhar o mesmo autocarro para casa. Sinceramente, ainda hoje continuo sem entender que raio de interesse tinha ela no "futebol 5", pois era efectivamente o âmago da esmagadora maioria das conversas partilhadas no caminho de regresso. Um dia, convidou-me para um cineminha. Os meus pais, liberais q.b., torceram o nariz, mas lá acederam. Vesti fatiota decente, pullover azul pelas costas e lá vai disto. Fomos ver a adaptação norte-americana dos Três Homens e Um Bebé (vómitos, vómitos, vómitos!) e acabámos a tarde no Cais das Colunas (sim, quando ainda resistiam as colunas no Terreiro do Paço). Eu a mostrar-lhe os hematomas nas canelas e ela sempre com ar de ter qualquer coisa entalada. Hoje, deve estar velha, cheia de tecido adiposo e a apanhar com papelinhos embebidos em saliva de uns índios da secundária de Queluz

1 comentário:

Anónimo disse...

Oix a todos já vi que conheces de perto a Oceana Basílio,queria tirar uma dúvida se alguém conseguir claro,a TV7 dias diz que anda com o actor Hugo Sequeira,em montes de Blog's falam realmente de um Hugo, mas ao que parece é empresário do norte e trabalha com actores tem uma agencia,etc. é uma curiosidade que gostava de saber